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Kamala Harris não pediu censura do X nos Estados Unidos

13.set.2024 - Kamala Harris não defendeu a censura do X, como dizem publicações nas redes sociais Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Threads

Thâmara Kaoru

Colaboração para o UOL, em Davidson (EUA)

13/09/2024 15h02

É falso que a candidata à Presidência dos Estados Unidos Kamala Harris tenha pedido a censura do X (antigo Twitter) no país, como afirmam publicações nas redes sociais.

Na verdade, o vídeo que circula como atual é de outubro de 2019. Na ocasião, a então senadora opinava sobre a suspensão da conta do então presidente Donald Trump no Twitter.

O que diz o post?

A legenda da publicação diz: "ÚLTIMAS NOTÍCIAS: Kamala Harris pede a censura de X nos Estados Unidos, no estilo do Brasil e da Venezuela, se ela for eleita presidente em novembro: "Ela perdeu seus privilégios e deveria ser suspensa, já que sua mensagem chega a bilhões de pessoas." A vitória de Trump é urgente! "

Em seguida, a publicação exibe o vídeo de uma entrevista, com legendas em espanhol, em que Kamala diz: "Ele perdeu seus privilégios e sua conta deveria ser removida. O ponto principal é que você não pode dizer que tem uma regra para o Facebook e uma regra diferente para o Twitter. A mesma regra deve se aplicar, que é a responsabilidade imposta a esses sites de mídias sociais de entender o poder que possuem. Eles estão falando diretamente com milhões e milhões de pessoas sem qualquer nível de supervisão ou regulação, e isso tem que parar".

Por que é falso?

Vídeo é de 2019. Por meio de pesquisa reversa (aqui), é possível encontrar vídeos nas redes sociais com trechos da mesma entrevista publicados em outubro de 2019, antes da eleição de 2020 que elegeu Joe Biden como presidente e Kamala, vice.

Kamala falava de conta de Trump no Twitter. Na entrevista, a então senadora foi questionada sobre seu pedido para que o Twitter suspendesse a conta de Trump. Ela diz que é preciso levar a sério a intimidação de testemunhas, tentativas de obstrução da Justiça e ameaças. "E quando você está falando sobre Donald Trump, ele tem 65 milhões de seguidores no Twitter. Ele já provou estar disposto a obstruir a Justiça. Basta perguntar a Bob Mueller. Você pode olhar o manifesto do atirador em El Paso para saber que o que Donald Trump diz no Twitter afeta as percepções das pessoas sobre o que elas devem ou não fazer", disse. Ela afirma que o Twitter é uma empresa privada, tem termos de uso e, em seguida, diz o que aparece nos vídeos que circulam nas redes sociais.

Apresentador da CNN desmente posts falsos. No último dia 4, Jake Tapper, que fez a entrevista com Kamala em outubro de 2019, usou o X para desmentir um post de Robert F. Kennedy Jr, sobrinho do ex-presidente John Kennedy e que tinha se candidato à Casa Branca, mas decidiu suspender sua campanha e apoiar Trump (aqui). Na publicação, o âncora da CNN diz: "Aqui está a transcrição completa da troca de 2019. Não estávamos falando sobre Musk." Em seguida aparecem os links da transição (aqui e abaixo) e do vídeo (aqui).

13.set.2024 - Jake Tapper, da CNN, desmente no X informações falsas sobre entrevista com Kamala Harris Imagem: Reprodução/X

Trump foi banido do Twitter em 2021. Em 8 de janeiro daquele ano, a rede social anunciou a suspensão permanente do então presidente dos EUA (aqui). A plataforma afirmou que a conta foi derrubada em função de postagens relacionadas à invasão dos apoiadores do republicano ao Congresso americano em 6 de janeiro. Musk, que comprou o Twitter em 2022 e passou a chamá-lo de X, reativou a conta de Trump (aqui).

X está suspenso no Brasil. No final de agosto, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes mandou suspender o X após a empresa fechar seu escritório no país e não apresentar um representante legal (aqui). A medida vale até que todas as ordens judiciais relacionadas à plataforma sejam cumpridas e seja indicada, em juízo, a pessoa física ou jurídica representante em território nacional. O aplicativo está suspenso em mais oito países pelo menos, incluindo a Venezuela (aqui).

Este conteúdo também foi checado por AFP e Aos Fatos.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

5 dicas para você não cair em fake news

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