Fotos de ciclones não são do Rio; imagens são de Honduras, EUA e Vietnã
As praias do Rio de Janeiro não foram afetadas por um ciclone bomba na última semana, ao contrário do que dizem posts que circulam nas redes sociais.
As imagens que estão circulando são antigas e referem-se a eventos climáticos ocorridos na Flórida (EUA), em 2017; em Honduras, em 2007; e no Vietnã, em 2010.
O que diz o post
Nas redes sociais, circulam duas versões com conteúdo enganoso. O texto é o mesmo: "Urgente Praia do Rio de Janeiro acaba de ser atingido por ciclone-bomba e ninguém sobre...ver mais". Ao clicar, a informação que parece estar incompleta não carrega nada além da imagem.
A montagem traz sempre três fotos em composições diferentes que exibem registros de fenômenos naturais à beira-mar.
Por que é falso
Praias fluminenses não foram atingidas por ciclone bomba nos últimos dias. Em pesquisa por ""ciclone bomba" e "Rio de Janeiro"", usando o Google, a reportagem não encontrou notícias recentes ao fenômeno no Rio de Janeiro (aqui). No fim de outubro, fortes chuvas afetaram o estado, provocando a morte de pessoas (aqui).
Ventos fortes, chuva e formação de frente fria são as consequências do ciclone bomba. Tipo de ciclone extratropical, o ciclone bomba caracteriza-se por rápida queda na pressão atmosférica, que gera ventos intensos e, por vezes, chuvas torrenciais e ressacas, ocorrendo sob atuação de baixa pressão (aqui). Em novembro deste ano, houve risco de um ciclone bomba atingir a região Sul, no entanto, a chegada de massa de ar de alta pressão na região impediu a sua formação, como foi noticiado pela imprensa (aqui e aqui).
Imagens mostram Furacão Irma em 2017. Usando busca reversa, as três fotos usadas em um dos posts mostram o estrago provocado pelo Furacão Irma, que ocorreu em setembro de 2017, devastando as ilhas de Barbuda e Saint-Martin, nas Pequenas Antilhas, além de Porto Rico, República Dominicana e o Haiti, levando a mortes (aqui e aqui). A primeira foto é na Flórida (aqui e aqui), que também foi atingida, e feita pelo fotógrafo Warren Faidley, disponível no banco de imagens Getty Image (aqui). A segunda é do fotógrafo Lionel Chamoiseau, para AFP (Agence France-Presse) e disponível no mesmo banco de imagens, na ilha caribenha francesa de St. Martin (aqui). A terceira e maior foto é do fotógrafo Alvin Baez (aqui), feita no dia 6 de setembro de 2017, quando o furacão passou por Porto Rico.
Flórida, Honduras e Vietnã aparecem na segunda montagem do conteúdo falso. A composição que circula em uma segunda versão usa fotos de fenômenos climáticos em diferentes locais. Por meio de busca reversa, foi encontrada a primeira delas do Furacão Irma (aqui), em sua passagem pela Flórida, feito por Chip Somodevilla. Ao lado, a imagem de uma palmeira atingida por ventos em uma praia aparece em muitas reportagens e sites brasileiros para ilustrar fenômenos da natureza, mas o registro do fotógrafo Yuri Cortez é do furacão Félix (aqui), que afetou a Honduras, na América Central, em 4 de setembro de 2007 (aqui). Abaixo, trata-se do Tufão Conson (aqui) em passagem pelo Vietnã, em 2010 (aqui).
Inmet diz que Rio não foi atingido por ciclone bomba. O Instituto Nacional de Meteorologia informou que "é importante destacar que esse alerta de chuvas intensas [para o Rio] não estava relacionado a um ciclone bomba, e sim com a influência da ZCAS [Zona de Convergência do Atlântico Sul]". "Portanto, o estado do Rio de Janeiro não estava sob risco de ser atingido por um ciclone" bomba", afirma o Inmet.
Viralização. Nesta sexta-feira (6), no Facebook, um dos posts tinha mais de 3.600 curtidas, 982 comentários e 457 compartilhamentos.
A postagem também foi verificada por Aos Fatos e Estadão Verifica.
Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.
Siga também o canal do UOL Confere no WhatsApp. Lá você receberá diariamente as checagens feitas pela nossa equipe. Para começar a seguir, basta clicar aqui e ser redirecionado.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.