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Mohammed confessa ter esquartejado inglesa e achava que ninguém descobriria

Sebastião Montalvão*<br/> Especial para o UOL Notícias<br/> Em Goiânia

14/05/2009 17h22

No banco dos réus, Mohammed D'Ali dos Santos confessou nesta quinta-feira (14), ter matado e esquartejado a jovem inglesa Cara Marie Burke, 17, e depois ter escondido o cadáver. O crime ocorreu em 26 de julho de 2008. O interrogatório durou cerca de duas horas, e o réu se mostrou tranquilo e respondeu a todas as questões.

Mohammed D'Ali responde por homicídio

  • Eraldo Peres/AP

    Mohammed D'Ali Carvalho dos Santos presta depoimento ao júri popular em Goiânia; ele confessou ter assassinado e esquartejado a inglesa Cara Marie Burke, 17; ele tirou fotos do corpo com o celular e foi a uma festa



No júri popular, que teve início às 8h30 em Goiânia, Mohammed disse ao juiz Jesseir Coelho de Alcântara que conheceu Cara em Londres, na casa de um amigo, e que eles eram apenas amigos. Segundo ele, a jovem usava maconha e cocaína e furtava celulares e bicicletas em Londres para comprar roupas "e fazer bagunça na rua".

Apesar de confessar se lembrar como tudo aconteceu, ele alega que estava sob efeitos de entorpecentes. "Usei cocaína e crack durante quatro dias seguidos", disse Mohamed. "Com uma das mãos eu tapei a boca dela e, com a outra, segurava a faca. Ela tocou na faca duas vezes, eu cheguei a morder o braço dela e ela a soltou", disse.

Após matar a vítima, ele tomou banho e, em seguida, colocou o corpo da inglesa no banheiro e saiu de casa em direção à festa de uma amiga, no Setor Santo Hilário, onde permaneceu até as 10h do dia seguinte. Ele assumiu que, antes de ir para a festa, tirou fotos do corpo da vítima pelo seu aparelho celular.

"Quando cheguei no apartamento, com o corpo lá, estirado e sangue espalhado é que dei conta que havia matado ela. Só no dia seguinte, cai na real", afirmou. Foi quando decidiu que a esquartejaria. "Fui a um supermercado e comprei uma faca. Cortei primeiro a cabeça, depois os braços e, por fim, as pernas", relatou.

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Mohammed afirmou ainda que tinha duas malas em casa, que utilizou para colocar os membros e cabeça da vítima. Com um carro emprestado por um amigo, dirigiu-se ao Córrego Sozinha, onde jogou uma das malas. Em seguida, voltou ao apartamento e pegou a outra, que estava com o tronco da vítima, e a levou para o mesmo lugar. Ele disse ainda que pensava que ninguém descobriria, pois lavou o apartamento com água, desinfetante e água sanitária.

Questionado pela promotoria, ele também admitiu ter trocado diversas mensagens com um amigo em Londres contando sobre o assassinato. Ele também contou histórias de sadismo contra animais, na pré-adolescência. "Por volta dos 11 anos, tinha um pitbull. Eu pegava gatos na rua, amarrava-os pelo pescoço no muro da minha casa para o cachorro destroçar. Não sentia dó", contou.

Aparentando tranquilidade e até sorrindo em algumas oportunidades, Mohammed se diz arrependido pelo que fez com a jovem inglesa e disse estar disposto a levar uma nova vida. "Agora sou pai e gosto demais do meu filho. O que eu mais quero é sair daqui [da prisão] para cuidar dela [a namorada Helen Victoy] e do meu filho", disse.

Julgamento
Já foram ouvidas testemunhas de acusação e defesa. Agora, Ministério Público e advogado apresentam suas contrarrazões durante os debates, com direito à réplica e tréplica. Em seguida, os sete jurados se reúnem e o juiz anuncia a sentença.

Mais cedo, a namorada de Mohammed afirmou acreditar que o rapaz possui problemas mentais, mas que quer mudar. Ela disse ainda que ele tem um filho para criar.

Entenda o caso
O crime ocorreu no final da tarde do dia 26 de julho de 2008, em um apartamento de classe média no Setor Universitário, região leste da capital goiana. Cara Burke foi morta a facadas e depois teve a cabeça e os membros decepados. O tronco foi colocado em uma mala de viagem e jogado às margens de um rio, em Goiânia. Cabeça, braços e pernas foram jogados em um córrego, próximo à cidade de Bonfinópolis (33 km da capital).

Mohammed responde por homicídio, destruição e ocultação de cadáver. A defesa se sustenta em laudos psicológicos que atestam a semi-imputabilidade de Mohamed, o que reduziria a pena final caso ele seja condenado. Já a promotoria afirma que Mohammed é completamente imputável e não psicopata.

(*Com informações do TJ-GO)