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Após chuva, Fiocruz mapeia áreas do Rio com risco de apresentar casos de leptospirose

Pessoas ficaram ilhadas na praça da Bandeira, no centro do Rio de Janeiro, uma das regiões mais afetadas na forte chuva do último dia 6; veja mais imagens da tragédia - Rafael Andrade/Folha Imagem
Pessoas ficaram ilhadas na praça da Bandeira, no centro do Rio de Janeiro, uma das regiões mais afetadas na forte chuva do último dia 6; veja mais imagens da tragédia Imagem: Rafael Andrade/Folha Imagem

Daniel Milazzo<BR>Especial para o UOL Notícias

No Rio de Janeiro

15/04/2010 14h35

Após as chuvas da semana passada no Estado do Rio de Janeiro, que mataram mais de 250 pessoas, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mapeou as regiões da capital fluminense com maior risco de apresentar casos de leptospirose. Jacarepaguá, Guaratiba, Santa Cruz, Vargem Grande, Tijuca, Vila Isabel, Estácio, Engenho Novo e Engenho de Dentro são as mais propensas.

Até agora, não há notícias de surto da doença. Por enquanto, a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC) registrou apenas um caso no município. Porém, o tempo de incubação da bactéria causadora da leptospirose é de até duas semanas, deixando as autoridades em alerta.

“Existe preocupação. A doença é um risco ao qual a população está sujeita, mas acredito que não venhamos a ter tanto problema, pois as áreas de água empoçada já estão diminuindo”, comenta o subprefeito da Grande Tijuca, Luiz Gustavo Martins Trotta.

Para Edimar Teixeira, subprefeito da zona oeste, as regiões mais problemáticas são os bairros de Santa Cruz e Campo Grande, as que mais sofreram com alagamentos. Teixeira afirma, no entanto, que equipes da SMSDC estão atuando junto aos mais de 300 desabrigados da região e que os postos de saúde estão preparados para fazer o trabalho de orientação à população, encaminhando os casos mais graves aos hospitais.

Coordenadora de saúde da região de Campo Grande, Paula Travassos assegura que os 301 desabrigados reunidos na localidade foram vacinados contra a gripe H1N1 e alguns contra o tétano. Como não há vacina contra a leptospirose, a coordenadora ressalva que o combate a essa mazela é distinto.

“Não temos nenhuma medida de prevenção. Se a pessoa apresentar os sintomas, aí nós tratamos. Indicamos que vá a um posto de saúde, onde será atendida por um médico infectologista que receitará antibióticos”, explica Paula.

Equipes de saúde mobilizadas
Segundo a assessoria da SMSDC, há uma equipe de médicos atuando em cada abrigo montado para receber os desalojados. Calcula-se que até o momento haja cerca de 6.000 desabrigados no município. No Estado, este número já ultrapassa os 60 mil.

Equipes da Vigilância Sanitária estão atuando nas regiões afetadas pelas chuvas a fim de orientar a população sobre as medidas preventivas. A principal recomendação é evitar o contato com a lama e a água em áreas inundadas após as chuvas. A bactéria causadora da doença (Leptospira SP) pode entrar no corpo do indivíduo através da pele, principalmente se houver arranhões ou feridas.

De acordo com a Vigilância Sanitária, os principais sintomas da leptospirose são: febre alta, dores musculares (principalmente nas pernas e na panturrilha), dor de cabeça, vômitos e icterícia (coloração amarelada nas mucosas e pele).

Os órgãos públicos de saúde também se preocupam com um possível aumento no número de casos de dengue, hepatite e gastroenterite aguda.

Dados da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (Sedesc) indicam que até o dia 7 de abril deste ano, 258 casos da doença foram notificados no Estado.