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Governadores culpam excesso de chuvas por tragédia e refutam hipótese de rompimento de barragens

Carlos Madeiro

Do UOL Notícias<br>Em Maceió

24/06/2010 23h21

Os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB), afirmaram nesta quarta-feira (24), após visita a áreas atingidas pelas enchentes nos dois Estados, que as fortes chuvas de Pernambuco na semana passada superaram qualquer previsão meteorológica e atingiram diretamente as cabeceiras dos rios que cortam os dois Estados, que já contabilizam 51 mortos em consequência da tragédia.

“O registro histórico mostra que em 200 anos não há uma precipitação dessa forma nas cabeceiras dos rios, provocando uma avalanche sobre esses Estados”, afirmou Vilela, complementado pelo colega Eduardo Campos: “Choveu em dois dias mais que o melhor mês dos últimos 30 anos em Pernambuco”.

Segundo dados do Lamepe (Laboratório de Meteorologia de Pernambuco), as cidades Canhotinho e Correntes, por onde passa o rio Mundaú, registraram precipitações pluviométricas de 540 mm e 421 mm neste mês, até o último dia 19, o que significa em torno de três vezes mais que a média histórica de todo o mês de junho. A maior parte dessas chuvas aconteceu nos dias 18 e 19. O rio Mundaú, que nasce em Pernambuco e deságua em Alagoas, subiu cerca de seis metros e invadiu uma faixa lateral numa extensão de cerca de 250 metros. O Lamepe não confirma que o volume de chuvas dos últimos dias foi recorde. O laboratório apenas compara a chuva desses dois dias com a média histórica.

Os dois governadores usaram esses dados para refutar a hipótese levantada por meteorologistas e pelo secretário de Infraestrutura de Alagoas, Marcos Fireman, de que a destruição teria sido agravada por conta do rompimento de barragens pelo interior pernambucano. “O problema é que choveu de forma excessivamente anormal na bacia desses rios que nascem em Pernambuco e correm para Alagoas”, disse Vilela.

Já Eduardo Campos disse que só houve um rompimento notificado, mas que ele não foi capaz de aumentar significativamente o nível das águas do rio Paraíba, a qual repressava águas. “A única pequena barragem que se rompeu, e que já não servia à cidade, foi em Bom Conselho, mas que não foi nada demais. Há depoimentos de moradores, que viveram outras cheias nas cidades, de que nenhuma cheia atingiu esses níveis. Nós precisamos, por exemplo, regular duas comportas porque Recife correu o risco de ser inundada como aconteceu em 1975”, explicou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que fez um sobrevoo sobre áreas atingidas e visitou nesta quarta-feira as cidades de Palmares (PE) e Rio Largo (AL), disse que não conseguiu entender tamanho estrago causado por rios na região. "Não sei se podemos dizer se foi uma tromba d'água. Espero que se encontre uma explicação para uma quantidade de água tão grande que deveria ir para o Oceano Atlântico e como ela foi parar nos rios", alegou.

A destruição causada pelas enchentes também causou espanto aos ministros que visitaram Alagoas e Pernambuco nesta quarta-feira, ao lado de Lula. “Nunca vi estragos como esses Está muito destruído”, afirmou o ministro o Planejamento, Paulo Bernardo, em visita a Rio Largo.

Sem uso político

Lula afirmou ainda que não acredita que a destruição causada pelas chuvas será usado durante a campanha eleitoral e que “ninguém terá coragem de tirar proveito político de uma tragédia como essas”. “Nós não estamos ajudando o governador, mas sim o povo brasileiro, trabalhador, que precisa ter de volta à dignidade na vida. Temos a obrigação moral de reconstruir essas cidades, e temos condições e estrutura para isso”, afirmou.

Vilela elogiou as ações do governo federal no atendimento às vítimas e envio de recursos para os Estados. “Eu telefonei para o presidente Lula às 11h do sábado e às 15h já tinha dois ministros aqui, sobrevoando Alagoas. À noite veio outro, e hoje ele está aqui. Como governador, só tenho a agradecer e elogiar o presidente”, afirmou.