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Lula compara enchentes no Nordeste a terremoto no Haiti

Daniela Paixão<br>Enviada especial do UOL Notícias<br>Em Rio Largo (AL)

24/06/2010 17h48

Após sobrevoar e visitar as cidades atingidas pelas enchentes em Alagoas e Pernambuco nesta quinta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou o cenário que viu ao estrago provocado pelo terremoto que atingiu o Haiti no início deste ano.

“São tragédias quase que semelhantes. Sobrevoei o Haiti de helicóptero e depois desci, e fiz o mesmo aqui. Para sentir o drama, tem que estar lá embaixo, pisar no barro, sentir o cheiro, ver as lágrimas”, afirmou o presidente.

Lula disse também que o governo federal pretende retirar definitivamente as famílias da região afetada que vivem em margens de rios, áreas suscetíveis a inundações.

“Não vamos construir casa no mesmo lugar que a enchente pegou. Ficamos procurando culpados, mas a verdade é que 80 anos atrás essas pessoas construíram casas em lugares inadequados. Vamos procurar locais mais altos para reconstruir e garantir que as pessoas não sejam vítimas da chuva”, afirmou.

Hoje, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) anunciou que já foram enviados R$ 597 milhões aos Estados de Pernambuco e Alagoas para a reconstrução das cidades.

Lula disse ainda que o governo agiu rápido na tragédia catarinense de outubro de 2008 e afirmou que Alagoas e Pernambuco também necessitam de uma ajuda mais rápida, já que são Estados “pobres”.

“Começamos a dar a resposta rápido em Santa Catarina também. Acontece que tem Estado que tem mais estrutura que outro. Você vai sempre ajudar com mais rapidez aqueles que precisam mais de você. Tem Estado que tem estrutura. A rapidez de tratar Alagoas não é a mesma de tratar um Estado com Defesa Civil que já trabalha bem”, afirmou.

Antes, Lula visitou Rio Largo, uma das cidades mais atingidas pelas enchentes de Alagoas, onde pediu que as casas dos moradores sejam reconstruídas em locais mais distantes das margens dos rios que transbordaram e deixaram ao menos 50 mortos no Nordeste nesta semana.

Lula chegou à cidade por volta das 15h, onde visitou pontos alagados e a escola municipal Judith Paiva, onde estão cerca de 100 desabrigados. O presidente conversou, abraçou os presentes, ouviu suas histórias e quebrou o protocolo para anunciar ao microfone que estava ali para fazer o anúncio da chegada de benfeitorias.

“É preciso deixar claro para vocês que nós não podemos construir as casas nos mesmos lugares”, disse o presidente. O objetivo primordial agora, segundo Lula, é encontrar áreas fora da margem do rio para reconstruir casas de forma segura. Ele afirmou ainda que cabe aos municípios viabilizar terrenos próximos a cidade.

O presidente anunciou a liberação de R$ 275 milhões em caráter emergencial para ajudar na reconstrução e disse que também haverá investimento de urgência para que as escolas sejam reerguidas o mais rápido possível. Lula também fez um apelo para não haver especulação imobiliária.

“Esse é nosso compromisso moral político e humanitário para ajudar a ter a casa de vocês de volta”, afirmou Lula. Em seguida, partiu rumo ao aeroporto de Maceió, onde se reúne com o governador Teotônio Vilela. 

Cidades que decretaram calamidade pública