Gripe A obriga mudança de rotina em restaurantes no RS; comerciantes reclamam
Em vigor há apenas uma semana, uma determinação do governo gaúcho para prevenir o contágio com a gripe suína já é motivo de reclamação entre donos de bares e restaurantes do Estado.
A portaria 325/2010, publicada no Diário Oficial do dia 22 de junho, obriga a utilização de tampas para os serviços de bufê, como forma de isolar os alimentos de uma possível contaminação pelo vírus H1N1. A portaria, entretanto, só foi divulgada pela Secretaria Estadual da Saúde na última sexta-feira (25).
O presidente da Associação de Bares e Restaurantes da Cidade Baixa (bairro que reúne grande número estabelecimentos em Porto Alegre), Eli Antônio Sturmer, reclamou da medida. “Acho difícil cumprir. A iniciativa é boa, mas deveríamos ter sido avisados há uns três meses. Ficamos sabendo da determinação esta semana, pela imprensa. Não sei como vamos fazer, pois não vai ter como ficar nesse tira tampa e bota tampa o dia inteiro”, criticou.
O empresário também reclama do custo de implantação do sistema de tampas, que precisa deixar os alimentos à vista dos clientes. Sturmer acredita que a compra de novos equipamentos deverá repercutir no preço médio das refeições pagas pelos consumidores.
Segundo o diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde, Francisco Paz, a medida é mais uma forma de prevenir o registro da gripe suína, que matou oficialmente 271 pessoas no Rio Grande do Sul em 2009 e contaminou outras 7.500. Este ano, segundo Paz, os registros da doença são insignificantes: houve menos de uma dezena de casos confirmados e, até agora, nenhum óbito.
“Mesmo assim, é necessário manter a vigilância e cercar as inúmeras possibilidades de transmissão da doença”, justificou Paz. A campanha de vacinação conseguiu imunizar cerca de 5,9 milhões de gaúchos – pouco mais da metade da população do Estado.
Paz informou que a responsabilidade pela fiscalização é dos municípios. Caberá a eles, também, estabelecer as punições pelo não-cumprimento da norma, que já está em vigor. O diretor não estabeleceu, entretanto, uma data para que a fiscalização seja iniciada.
Cuidados
Além dos alimentos não poderem mais ficar à mostra nos bufês, a portaria determina que todos os estabelecimentos mantenham lavatórios para os clientes, em locais estratégicos e equipados com álcool 70% ou outro produto antisséptico equivalente.
Os talheres também devem ser isolados em embalagens individuais e os locais de refeição precisam conter cartazes informativos sobre as formas de contágio e os riscos de se contrair a doença. Os funcionários que apresentarem sintomas relacionados com a gripe, como tosse ou corisa, devem ser afastados da manipulação de alimentos.
A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Rio Grande do Sul, Fernanda Etchepare, acredita que a medida é necessária, mas também considera que será preciso muito tempo até que donos de restaurantes e frequentadores se adaptem às novidades.
“Não vejo muita dificuldade de adaptação. Mas certamente vai exigir investimento por parte dos proprietários. Os donos de estabelecimentos pequenos terão muitas dificuldades para aplicar a medida, já que trabalham com margens pequenas de lucro”, avalia a dirigente.
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