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Enchentes ameaçam ano letivo de pelo menos 100 mil alunos em Alagoas

Funcionários e voluntários da Escola Estadual Francisco Leão, em Rio Largo (Alagoas), trabalham há vários dias para tentar limpar as salas de aulas. A unidade foi uma das 25 escolas estaduais atingidas pelas enchentes, segundo levantamento da Secretaria Estadual de Educação. Veja mais fotos - Secretaria de Estado da Educação de Alagoas
Funcionários e voluntários da Escola Estadual Francisco Leão, em Rio Largo (Alagoas), trabalham há vários dias para tentar limpar as salas de aulas. A unidade foi uma das 25 escolas estaduais atingidas pelas enchentes, segundo levantamento da Secretaria Estadual de Educação. Veja mais fotos Imagem: Secretaria de Estado da Educação de Alagoas

Carlos Madeiro<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Alagoas

30/06/2010 07h00

Os alunos das escolas de municípios atingidos pelas enchentes em Alagoas não têm previsão de retornar às salas de aula. A Secretaria de Estado da Educação informou que ainda analisa alternativas para suprir a destruição causada pelas cheias dos rios e ocupação dos prédios não-atingidos por desabrigados.

Improviso é comum em abrigos de Alagoas

Levantamento do órgão aponta que 25 escolas estaduais foram atingidas pelas enchentes. Os municípios ainda não informaram os prejuízos referentes às escolas.

Somente nos 15 municípios que decretaram calamidade pública são matriculados exatos 100 mil alunos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao todo, o Estado teve 28 municípios atingidos, sendo que 15 decretaram calamidade e quatro decretaram situação de emergência.

Uma das alternativas analisada pelo Estado é a transferência dos alunos dessas cidades para escolas de outros municípios. Porém, a região do Vale do Mundaú inteira, por exemplo, foi castigada pelas enchentes e todos os municípios estão com escolas ocupadas por desabrigados. Em alguns casos, professores e servidores também tiveram suas casas destruídas. O Estado também analisa a possibilidade de absorver os alunos das redes municipais.

Vítimas da enchente de 1988 vivem em presídio abandonado e esperam por casa

  • Maria do Carmo, 57, vai abrigar a irmã que perdeu a casa com a enchente da semana passada; ela vive no presídio que serve de abrigo para cerca de 100 famílias que ficaram desabrigadas pela enchente do rio Mundaú desde 1988 na zona rural

Mas, segundo o secretário Rogério Teófilo, qualquer decisão só poderá ser tomada após os municípios entregarem o relatório de danos das escolas. O Ministério da Educação já anunciou o envio de R$ 51 milhões para os Estados de Alagoas e Pernambuco para a recuperação dos prédios destruídos, mas condicionou a verba aos relatórios que devem ser entregues pelos governos.

Para acelerar o recebimento dos recursos federais, o Estado criou uma comissão para receber a documentação das escolas, verificar as demandas e ajudar os municípios.

“É preciso que o diagnóstico da situação das escolas seja entregue com rapidez pelos municípios, porque os recursos serão destinados em bloco”, afirmou o secretário, que espera estar de posse de todos os relatórios até o fim desta semana.

Aulas suspensas

As aulas em todas as escolas públicas do Estado estão suspensas desde a última quarta-feira (23), quando a secretaria determinou a antecipação do recesso escolar, marcado para julho, para que as escolas abriguem aos desabrigados das enchentes.

Nesta segunda-feira (28), 11 secretários municipais de Educação de municípios atingidos pelas enchentes participaram de uma reunião com técnicos do Estado para discutirem possíveis soluções para o problema, mas nada ficou definido.

 

Um dos fatores que pode atrasar o reinício da construção de escolas é a definição dos terrenos que vão receber novas construções, já que há uma determinação federal para que nenhum prédio seja reconstruído no mesmo local onde foi atingido.

Outra preocupação é com a documentação escolar dos alunos perdida com as cheias. Em Branquinha, onde todos os prédios públicos foram destruídos, não há mais nenhum registro de matrícula dos alunos. Em outros casos, houve perda de merenda escolar.