Com orientação da defesa, Bruno, Macarrão e Bola não coletam material para exame de DNA
O delegado Edson Moreira, do Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais, em Belo Horizonte, confirmou em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (9) que o goleiro Bruno Fernandes de Souza, seu amigo e funcionário Luiz Henrique Ferreira Romão - conhecido como Macarrão - e o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos – conhecido como Bola ou Paulista – foram instruídos por seus advogados a não coletar material genético para exame de DNA, que tem como objetivo descobrir de quem é a mancha de sangue encontrada no carro que pode ter transportado Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno, para a execução. Ela desapareceu no início de junho e é dada como morta.
Os advogados também impedem os suspeitos de prestarem depoimento, além de dar declarações à imprensa. Bruno, Macarrão e Bola estão no DI em salas separadas. Eles chegaram ao local mais cedo algemados e vestindo uniformes do presídio de segurança máxima de Contagem, onde passaram a madrugada.
Segundo o delegado, a decisão da defesa de não colaborar com a polícia certamente “vai dar um atraso na investigação”, mas “nós temos 30 dias para interrogá-los, e ainda podemos prorrogar por mais 30”, que é o prazo da prisão temporária que foi decretada pela Justiça de MG. "É irrelevante eles cooperarem ou não, diante do conjunto das provas", afirmou.
Sobre a chegada de Bruno à delegacia na noite de ontem, Edson Moreira disse que apenas deu boas-vindas ao atleta, e que ainda não teve oportunidade de conversar melhor com ele.
O delegado retrucou as acusações do advogado de defesa de Bruno e Macarrão, Ércio Quaresma Firpe, de que está sendo feito de “idiota” pela polícia mineira. “Estamos sendo bombardeados (...) Estamos aqui para investigar e defender a população. Essa é nossa função. A dele é de defender seus clientes”, limitou-se a dizer.
Moreira mostrou à imprensa um notebook de Eliza Samudio que será submetido à perícia ainda hoje. Ele foi entregue à polícia por uma amiga da ex-amante do goleiro Bruno. Além disso, também serão periciados o carro que supostamente teria levado Eliza para a execução (Ecosport) e o carro que foi apreendido na casa de Bola, em Vespasiano, onde foram achados vestígios de sangue no porta-malas (Citroën).
Para o delegado, a motivação do crime foi a luta de Eliza pela paternidade de seu filho, Bruninho, de cinco meses, e também a vingança de Bruno, tendo em vista a denúncia feita por ela contra o jogador sobre uma tentativa de aborto.
"Idiota"
Segundo o advogado dos suspeitos, ele está sendo feito de “idiota” pela polícia mineira, e reafirmou que nada será feito até que tenha uma cópia do inquérito e estude todo o processo.
Por sua vez, Gustavo Fantini, promotor de Justiça que está acompanhando o caso, disse que “existe a previsão legal de que o inquérito possa ser sigiloso. Quanto a liberação ou não de copias deste inquérito, é algo que fica a critério da Justiça e a critério da autoridade judicial. Nós vamos analisar isso”. Fantini disse ainda que, até o momento, “existem provas fortes” da participação de todos neste crime.
Quaresma disse que vai compor um grupo de pelo menos cinco advogados para defender o grupo de suspeitos no caso do desaparecimento da ex-amante do goleiro Bruno, Eliza Samudio. Além de Bruno e Macarrão, ele defende a mulher de Bruno, Dayanne de Souza, Wemerson de Souza, o "Coxinha", Flavio Caetano de Araújo e Elenilson Vitor da Silva.
Adolescente conta detalhes da morte
Os dois advogados de Bola, suspeito de ser o executor da morte de Eliza, anunciaram na madrugada de hoje que desistiram de representar o cliente. Segundo Quaresma, Bola pediu a ele que fizesse também sua defesa, mas o pedido foi negado. “Ele me abraçou, chorou e pediu socorro. Eu decidi indicar um advogado para ele”, disse.
Quaresma afirmou também ter conversado com Bruno ontem à noite. “Eu perguntei a ele se ele queria que eu o representasse, e ele me disse que sim. Eu perguntei também se ele teria sido o mandante do crime e se ele teria participado. Ele negou.”
Sobre Dayanne, que está na penitenciária feminina Estevão Pinto, em Belo Horizonte, presa em uma cela individual desde quarta-feira (7) depois de sofrer ameaças de outras detentas, Quaresma afirmou que ainda hoje um advogado de seu grupo irá visitá-la.
Transferência
A autorização para a transferência de Bruno e Macarrão do Rio para Minas foi concedida ontem (8) pelo juiz Jorge Luís Le Cocq D'Oliveira, titular da 38ª Vara Criminal da Capital. A transferência foi autorizada após pedido do TJ de Minas. “No sentido que o crime de sequestro é conexo com o homicídio, a competência é do Tribunal do Júri de Contagem (MG)”, afirmou o magistrado.
Os suspeitos deixaram o presídio de Bangu 2, onde estavam presos, por volta das 20h30 de ontem e decolaram do aeroporto Santos Dumont às 21h45. Um avião da polícia mineira estava aguardando os suspeitos no aeroporto desde quarta-feira.
Eles chegaram em Minas por volta das 23h, e seguiram para o Departamento de Investigações da Polícia Civil de Minas Gerais. Muitos curiosos aguardavam a chegada dos acusados, que foram recebidos aos gritos de "assassino" e “monstro”. Enquanto Macarrão entrou com o rosto coberto, Bruno manteve a cabeça erguida. Eles não estavam algemados. O delegado Edson Moreira pretende ouvi-los e fazer uma acareação entre os envolvidos, mas a data para que isso ocorra ainda não foi confirmada.
Bruno, Macarrão e Bola ficaram na delegacia até por volta da 1h45, quando seguiram para o Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito. Após passarem boa parte da madrugada lá, seguiram para o presídio Nélson Hungria, de segurança máxima, em Contagem (Região Metropolitana de BH).
Buscas são retomadas
O Corpo de Bombeiros de Minas retomou nesta manhã as buscas pelo corpo de Eliza. Segundo a Polícia Civil, as buscas estão concentradas no sítio do goleiro, em Esmeraldas (MG), e nas proximidades da residência. Ao todo, quatro equipes estavam no local por volta das 10h.
Em depoimento, dois suspeitos afirmaram que Eliza, que está desaparecida desde o início de junho, está morta.
* Com informações de Rayder Bragon, em Minas Gerais, e da Folha.com
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