Apagão de terça-feira ainda prejudica 1.600 clientes no RS
Quase quatro dias depois de um vendaval que deixou mais de 150 mil casas sem luz no Rio Grande do Sul, 1.600 consumidores (900 na região metropolitana de Porto Alegre e 700 em Camaquã) permaneciam sem fornecimento de energia nesta sexta-feira (17). Pela manhã, o número era de 6.000.
Os clientes são da área de abastecimento da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), que tem cerca de 1,4 milhão de consumidores no Estado. A empresa alega que os pontos sem luz são de difícil acesso, e localizados.
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O comerciante Lucas Piccinini é um dos afetados em Camaquã. O restaurante que ele mantém no balneário de Arambaré, distante cerca de 20 quilômetros do centro da cidade, está fechado há dois dias. Se a luz não voltar até o final de semana, período de mais movimento, os prejuízos equivalerão, segundo ele, a uma semana de faturamento.
“No feriado de 20 de setembro, o movimento aqui costuma ser expressivo. Mas sem luz não tem como cozinhar, nem comprar mantimentos e nem como receber os clientes. Não tem nem como chegar aqui nesta escuridão”, lamentou.
A prefeitura de Camaquã confirma que há centenas de consumidores sem abastecimento, em especial nas regiões mais afastadas do centro da cidade. Segundo Piccinini, outros comerciantes do balneário estão se organizando para pedir ressarcimento à empresa de energia.
Segundo o assessor técnico da prefeitura de Camaquã, Thiago Camerini, a CEEE se comprometeu a regularizar o abastecimento até o final desta sexta-feira. “É absurda [a situação], mas infelizmente não recebemos reclamação de nenhum usuário. Sem isso, não podemos fazer nada contra a companhia para proteger nossos consumidores”, disse.
A Agência de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) informou nesta manhã que as companhias são obrigadas a ressarcir os clientes pela falta de energia em média superior a 16 horas.
O gerente da direção de Projetos em Energia da Agência, Nilton Telechévski, afirma que a compensação deve ser feita nos dois meses seguintes à falta de luz. “É só pela falta de energia. [O ressarcimento] não envolve eventuais danos que o cliente sofreu, contra itens eletrônicos ou produtos perecíveis”, disse.
O ressarcimento, segundo regulamentação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que passou a valer em janeiro deste ano, deve ser feito diretamente nas contas dos consumidores. Em média, segundo a Aneel, a distribuidora tem de ressarcir os clientes em até dez vezes o valor cobrado por hora de energia consumida. O prazo limite é de 90 dias.
De acordo com a CEEE, cada cliente possui um número máximo de horas de interrupção de energia elétrica – Duração Máxima de Interrupçao Contínua (Dmic) e Duração de Interrupção Individual (DIC). O dado varia conforme a cidade. Na região central de Porto Alegre, por exemplo, o período limite é de nove horas e trinta minutos.
Na região metropolitana de Porto Alegre, havia 2.000 clientes sem fornecimento de energia na manhã desta sexta-feira (17). As cidades mais afetadas eram Alvorada, Viamão e Eldorado do Sul. Todos os consumidores são da área de abrangência da CEEE.
Em razão do apagão, o número de ligações congestionou o atendimento pelo telefone da companhia nos últimos dois dias. A Central de Atendimento da CEEE recebeu 17.254 ligações da 0h às 24h de terça-feira, dia 14. Neste período, 150 funcionários se revezaram no teleatendimento.
Mesmo assim, houve congestionamento e centenas de clientes não conseguiram contato com a empresa. Na manhã desta sexta-feira, foram registrados cerca de 13 mil ligações para a CEEE.
Falta de água
Alguns moradores de Porto Alegre seguem sem água nesta sexta-feira, apesar do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dame) ter normalizado o abastecimento na madrugada.
Na quarta-feira (15), 16 bairros ficaram sem fornecimento porque a queda de luz provocada pelo vendaval dificultou o bombeamendo na estação de tratamento do bairro Moinhos de Vento.
A unidade é responsável pelo abastecimento de um quarto da população da capital. Segundo o Dmae, cerca de 261 mil consumidores ficaram sem água durante 40 horas devido à interrupção no fornecimento de energia na capital gaúcha.
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