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Dezesseis já morreram eletrocutados na Grande SP este ano; polícia investiga acidente em Santo André

Poste de semáforo onde jovem tomou choque e morreu na cidade de Santo André (SP) - Edson Lopes Jr/Folhapress
Poste de semáforo onde jovem tomou choque e morreu na cidade de Santo André (SP) Imagem: Edson Lopes Jr/Folhapress

Arthur Guimarães<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

24/09/2010 18h25

Levantamento da Eletropaulo S/A, empresa responsável pelo abastecimento de energia em 24 cidades da região metropolitana de São Paulo, mostra que 16 pessoas já morreram eletrocutadas neste ano, como o estudante Murilo Duvilho Quartarollo, 18, que perdeu a vida na noite de ontem (23) ao acionar o botão de um semáforo em Santo André.

Os dados da Eletropaulo computam todos os acidentes registrados por clientes que entraram em contato com a rede elétrica. Pela análise, além das 16 mortes, foram 14 episódios que resultaram em lesão grave, quando há amputações ou incapacitação. Outros 30 casos de lesões leves foram levantados em 2010.

No ano passado, o balanço final mostrou que 26 pessoas morreram pelas mesmas causas nas 24 cidades abastecidas pela energia da empresa. Foram registrados ainda 18 lesões graves e 90 leves. Os dados não permitem concluir se o incidente foi na rua, dentro de imóveis ou se o cliente atingido foi culpado ou não pelo choque.

A Eletropaulo afirma ainda que, apesar de atender Santo André, não era responsável direta pelo poste em que o rapaz foi eletrocutado. Segundo a empresa, as instalações eram de propriedade do governo municipal.

O estudante morreu ao encostar em um semáforo da Vila Luzita. Segundo a Polícia Militar, o jovem e um amigo andavam pela avenida Capitão Mário Toledo de Camargo e pararam em um cruzamento na altura do número 5.000, por volta das 21h15. Murilo teria acionado o botão para travessia de pedestres e recebeu uma forte descarga elétrica. Chovia no momento do incidente e o poste estava molhado.

O jovem caiu desacordado e foi socorrido por um motorista até o Hospital da Vila Luzita, mas morreu enquanto recebia atendimento. O caso foi registrado no 1º Distrito Policial de Santo André. Um inquérito irá investigar o contexto do acidente.

Ponto não autorizado
A Prefeitura de Santo André e o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) divulgaram nota na tarde desta sexta-feira (24) em que esclarecem que "não autorizaram a instalação do ponto de energia encontrado no local do acidente".

Segundo a administração de Santo André, a prefeitura "vai aguardar, como também colaborar, com a investigação em andamento por parte da Polícia Civil do Estado, para apontar as responsabilidades pelo ocorrido".

Em relação à prestação de socorro, o governo esclarece que a Central do Samu (192) recebeu uma chamada feita por um homem que se identificou como Marcelo solicitando o serviço de atendimento móvel de urgência no local do acidente. "A chamada ocorreu às 20h06, sendo que na própria ligação, o autor avisou que estava levando a vítima por meios próprios", diz a nota, com o complemento: "o jovem deu entrada no Pronto Atendimento da Vila Luzita às 20h10, quatro minutos após a ligação ao Samu".

A Secretaria Municipal de Saúde informou que, "ao chegar no PA da Vila Luzita, a vítima foi imediatamente levada à sala de emergência, local que já contava com um médico que iniciou as manobras de ressuscitação".

A equipe médica da Unidade de Pronto Atendimento da Vila Luzita realizou, por mais de uma hora, todos os procedimentos técnicos para tentar reverter a parada cardio-respiratória no paciente, segundo a prefeitura. "O jovem passou por manobras de ressuscitação, de acordo com os protocolos de suporte avançado de vida em cardiologia (ACLS)", afirma a nota oficial.

A Prefeitura de Santo André lamentou a morte do jovem e afirmou que está "prestando total solidariedade e apoio à família da vítima".