Seca deixa 23 cidades do Norte em emergência; clima só deve normalizar no final de outubro
Vinte e três municípios da região Norte decretaram estado de emergência por causa da seca. A maioria está no Estado do Amazonas, onde os problemas atingem 141,8 mil pessoas. Alguns rios estão próximos de atingir a marca histórica das maiores vazantes da região.
O último balanço da Defesa Civil do Amazonas, de quarta-feira (22), aponta 21 municípios em estado de emergência. No Tocantins são outros dois. No Amazonas, o problema é causado pelo baixo nível dos rios Solimões, Purus e Juruá. No Tocantins, a seca atinge a bacia do rio Paraná e o rio Jaú.
Segundo monitoramento da Agência Nacional de Águas (ANA), realizado entre os dias 16 e 23 deste mês, nenhum dos rios atingiu níveis tão críticos de vazante quanto em secas históricas, mas alguns estão a poucos centímetros de distância.
Os rios Acre e Purus são os que apresentam a maior aproximação com os índices históricos. O primeiro está a apenas 66 centímetros do menor nível (164 cm), registrado em 2005. Já o nível do Purus está a 63 centímetros da vazante recorde de 349 centímetros, em 1998. O rio banha Beruri, Borba e Boca do Acre, três dos municípios amazonenses em situação crítica.
O Solimões também está entre os que apresentam a maior aproximação com os índices históricos mais baixos. No dia 23, por exemplo, a cota estava em 80 centímetros, enquanto, em 2005, ela chegou a 2 cm.
As cidades de Tabatinga, Santo Antônio do Iça, Tonantins, São Paulo de Olivença, Jutaí, Atalaia do Norte e Benjamin Constant, que ficam na calha do rio Alto Solimões, são algumas das afetadas.
No Amazonas, a seca atinge 33.027 famílias, segundo a Defesa Civil Estadual. No Tocantins, não há dados sobre a quantidade de prejudicados, mas os dois municípios afetados pela estiagem têm uma população total de 14.205 pessoas.
Falta de chuva e previsão
O baixo nível dos rios é atribuído à falta de chuva. O diretor do 2º Distrito do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), José Raimundo Souza, afirma que a região Norte está enfrentando uma situação atípica em setembro.
A explicação para o retardamento do período de chuva é que o fenômeno La Nina não mostrou sua força em setembro, como o previsto.
Segundo Souza, a estiagem deveria começar a cessar esta semana, mas o volume pluviométrico ainda está 50% abaixo do esperado para o período. A umidade do ar é baixa na região, não ultrapassando 30% na região sul do Pará, por exemplo.
Alguns municípios devem enfrentar mais de três meses sem chuva. É o caso de Conceição do Araguaia, Santana do Araguaia, Redenção e Canaã dos Carajás.
Ele observa que, por enquanto, as chuvas têm chegado a alguns municípios afetados pela estiagem de forma rápida e isolada. A normalização em toda a região só deverá acontecer, pela previsão, a partir da segunda quinzena de outubro.
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