Topo

Material neonazista é apreendido no RS, após suspeita de atentados a bomba

Lucas Azevedo<BR>Especial para o UOL Notícias

Em Porto Alegre

05/11/2010 18h12

A Polícia Civil gaúcha apreendeu na tarde desta sexta-feira (5), em uma residência no centro de Porto Alegre, vasto material de apologia ao nazismo. Fotografias, CDs, camisetas, distintivos, facas, uma soqueira e um computador portátil foram recolhidos pelos agentes da 12ª Delegacia de Polícia da Capital. Ninguém foi preso.

O responsável pelo material não foi localizado, mas a polícia afirma que ele integra o White Power Sul Skin, um dos grupos neonazistas atuantes no sul do país.

“Eles não são assaltantes, marginais. São pessoas que agem por uma ideologia histórica e que querem fazer vítimas”, afirma o delegado Paulo César Jardim, titular da 1ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre e que, há oito anos, combate os neonazistas no Estado.

Entre o material, um vídeo chamou a atenção do delegado. Nele, trechos de reportagens sobre a política de cotas para negros nas universidades são intercalados com cenas de violência entre agressores negros e vítimas brancas. Em um momento do filme, aparece o rosto do senador Paulo Paim (PT-RS), militante do movimento negro. “Interpretei como uma ameaça direta ao senador. Já fiz contato com ele, para que tivesse conhecimento do assunto”, informou Jardim. O senador não foi encontrado para se manifestar.

Suspeita de atentados
A ação foi desencadeada hoje, ainda segundo a polícia, porque havia informações de que o grupo estaria reunindo armas e até bombas no local. Mas nada foi encontrado. “Havia suspeitas de que até o final do ano ocorresse algum atentado”, relata o delegado, citando como possíveis alvos sinagogas e passeatas, como a Parada do Orgulho Gay.
 
Jardim, que já efetuou diversas operações contra os neonazistas no Estado, contabiliza que cerca de 40 pessoas já foram indiciadas pelo crime. No início de 2009, a polícia desmantelou cinco células neonazistas no RS. Bombas foram apreendidas na época.

A maioria dos acusados é de classe média, embora alguns sejam de classe alta e outros de classe mais baixa. “Quando falo com alguns deles, argumentaram comigo sobre sua ideologia e até indicam livros para que eu leia e saiba mais”, afirma Jardim.