Justiça de MG decreta prisão preventiva do "Madoff mineiro"
A Justiça de Minas Gerais deferiu pedido da Polícia Civil do Estado e decretou nesta quinta-feira (16) a prisão preventiva de Thales Emanuelle Maioline, conhecido como “Madoff mineiro”, acusado de ter prejudicado 2.000 investidores em ao menos R$ 50 milhões.
Maioline está detido desde o último domingo no Ceresp São Cristóvão, anexo ao Departamento de Investigações de Minas Gerais, na capital mineira, e a prisão temporária dele expiraria hoje. Ele se entregou à polícia após ficar 140 dias foragido. O suspeito ganhou o apelido em alusão ao ex-investidor americano de Wall Street Bernard Madoff, condenado a 150 anos de prisão por ser acusado de operar um esquema bilionário de pirâmide financeira nos EUA. A prisão de Maioline havia sido decretada em agosto deste ano.
De acordo com o delegado Islande Batista, chefe do Departamento de Investigações de Crime contra o Patrimônio, não foi fixado o prazo de duração da prisão preventiva.
“Para a instrução criminal e a conclusão do inquérito é importante a manutenção da prisão dele. Não sabemos se ele poderia fugir novamente. Essa decisão foi importante para a polícia e para a manutenção da ordem pública.”
A reportagem do UOL Notícias tentou entrar em contato com os advogados de Maioline, sem sucesso.
Esquema
Segundo a investigação, o empresário convencia investidores a aplicar dinheiro em esquema análogo ao conhecido como “pirâmide financeira” e intitulado “Clube dos Vencedores”, operado pela empresa Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros Ltda. A empresa era uma espécie de clube de investimentos, mas não tinha autorização da CMV (Comissão de Valores Imobiliários) para atuar no mercado financeiro.
De acordo com a investigação, Maioline prometia rendimentos mensais de 5% sobre o montante aplicado e bônus semestrais de 30%. No entanto, segundo a polícia, havia a necessidade de atrair novos investidores para saldar os compromissos assumidos com os sócios mais antigos. A propaganda para atrair novos clientes era feita prioritariamente pelos próprios investidores.
Entre os prejudicados, distribuídos em 14 cidades mineiras, estão pessoas que investiram a partir de R$ 2.500, de acordo com as investigações, mas há comprovação de investimento individual de R$ 2 milhões.
O inquérito policial tem 32 volumes, com quase 11 mil páginas, segundo a polícia. Até o momento, foram ouvidas mais de 350 pessoas vítimas da suposta fraude.
Delegados que cuidam do caso informaram nesta semana que estão investigando a participação de outras pessoas no esquema.
Segundo os policiais, foi pedido o bloqueio da maioria dos bens conhecidos de Maioline.
O delegado Islande Batista afirmou que Maioline poderá ser indiciado por estelionato, uso de documento falso, falsidade ideológica e falsificação de documento público, além de haver a possibilidade de ser enquadrado no crime de formação de quadrilha.
Se for considerado culpado em todos os crimes e receber pena máxima, ele poderá ficar preso por 27 anos.
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