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Cidade de MG ainda tem áreas alagadas três dias após temporal

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Matozinhos (MG)

30/12/2010 19h44

Três dias após temporal ter inundado parte da cidade, moradores de Matozinhos, cidade localizada na região metropolitana de Belo Horizonte, ainda sentem os reflexos da chuva. Em um dos bairros mais atingidos, o Liberdade, as pessoas ainda tentam recuperar objetos. A limpeza de várias casas ainda não é possível porque continuam alagadas.

A reportagem do UOL Notícias flagrou grupo de moradores improvisando um colchão inflável para atravessar área alagada no bairro. A explicação dada para a aventura foi que precisam chegar ao outro lado para alcançar a padaria da região.

A balconista Ana Paula Santos Silva, 29, disse ter perdido a maioria dos pertences durante a tempestade.

“Só deu tempo de tirar as crianças e algumas peças de roupa. Eu perdi um guarda-roupa que ainda não acabei de pagar e até o berço do meu filho foi perdido”, conta a mulher, que tem três filhos. Segundo ela, a família está dormindo na empresa onde o marido trabalha.   

Ela ainda disse que não comparece ao trabalho desde que a casa foi inundada.

“Não estou trabalhando porque a minha roupa está toda suja e molhada. Acho que o meu patrão vai compreender. Tenho que pensar primeiro nos meus filhos”, salientou Ana Paula, que disse trabalhar em um supermercado da cidade.

Já Vilma Maria Xavier, outra moradora do local, reclamou da falta de energia elétrica. Ela não teve a casa afetada pela chuva.

“Estou sem energia desde ontem e ninguém deu previsão para religar a luz”, disse.

Defesa Civil 

O prefeito da cidade, Murilo Pereira de Rezende, decretou situação de emergência no dia 28 deste mês. Segundo Cláudio José Luiz, coordenador da defesa civil da cidade, cerca de 50 famílias foram prejudicadas pelo temporal no município. Ainda de acordo com ele, quem precisou sair de casa contou com auxílio da prefeitura, que colocou à disposição dos moradores o ginásio poliesportivo da cidade. No entanto, conforme Luiz, a maioria preferiu ficar alojada em casa de vizinhos ou parentes.

“As pessoas ainda estão tendo assistência psicológica”, disse.

Ele afirmou que a defesa civil prestou a assistência básica aos afetados pela chuva com distribuição de cestas básicas, colchões, e kits de higiene.

Em relação ao bairro Liberdade, o coordenador afirmou que o local foi invadido pelas famílias, que se recusam a deixar o loca, mesmo após oferta feita prefeitura de moradias em local mais seguro.

“Eles preferem ficar lá por conta da proximidade com o centro da cidade”, explicou Luiz.

Ainda segundo ele, a área afetada era um escoadouro “natural” das águas de chuva da cidade que, com o passar dos anos, foi sendo ocupado de forma irregular.

“Após a chuva, nós montamos uma equipe de 30 pessoas, de um dia para o outro, para auxiliar os moradores. Eles foram divididos em grupos que visitaram os locais afetados para retirar as pessoas”, explicou o coordenador.

No entanto, Luiz admite que no momento não há intervenção prevista pela prefeitura em relação aos imóveis atingidos pela enxurrada no bairro Liberdade.

“Antigamente, escoava-se a água em dois ou três dias. Atualmente, isso [escoamento da água] vai demorar de 10 a 12 dias”, afirmou.

Segundo ele, após a água baixar, haverá uma audiência pública que vai conclamar os moradores a deixar o local e ir a moradias ofertadas anteriormente pela prefeitura. Luiz disse que ainda imóveis do programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal, estão sendo erguidos no município.