Para evitar mortes por chuva, Maceió vai treinar comunidades que vivem em áreas de risco
A previsão de chuvas intensas no inverno e o exemplo da tragédia na região serrana do Rio de Janeiro levaram a Prefeitura de Maceió (AL) a iniciar ações de prevenção. O município lançou um programa de alerta e preparação de comunidade para emergência natural (Apen).
Ao contrário de planos anteriores e daqueles adotados nas cidades com moradores em áreas de encostas, o Apen prevê o treinamento de comunidades inteiras em locais de alto risco. A ideia é que elas sejam capacitadas e tenham conhecimentos práticos sobre como agir em caso de chuvas intensas, inclusive prestando os primeiros socorros à espera de equipes de resgate.
“Esse modelo que estamos adotando é inovador. Estamos juntando tudo que existe de planos de prevenção, inclusive com exemplo da indústria, com simulações, e estamos colocando num plano com foco em um evento natural, que é a chuva. Isso é inédito porque chamamos a sociedade para participar diretamente do processo”, explicou o coordenador da Defesa Civil Municipal, Antônio Almeida.
Segundo a Defesa Civil, cerca de 5.000 famílias vivem em situação de "alto risco" na capital alagoana –cerca de 20 mil pessoas. A maior preocupação é com as comunidades em áreas de encostas. Um cadastro detalhado das regiões e moradores –que serão inclusos em programas de moradia popular– deve ser concluído na próxima semana. "O ideal, claro, é que essas pessoas sejam removidas. Mas até lá, elas tem que ter clareza de como agir em momento de emergência", disse Almeida.
O coordenador da Defesa Civil explica que o modelo tem três focos. “Primeiro é importante que a comunidade tenha conhecimento e saiba por que participa desse treinamento. Segundo, essas pessoas precisam obedecer à necessidade de evacuação, para um lugar seguro definido –e aí cabe ao poder público definir para onde cada um vai. E, por último, é preciso dominar bem a parte de atendimento de primeiros socorros.”
Inicialmente, os líderes comunitários das áreas de risco, que já fazem parte de núcleos voluntários da Defesa Civil, serão chamados para as primeiras "aulas". O encontro está marcado para o próximo dia 3 de fevereiro. “Nós temos essa vantagem: as lideranças já sabem o que fazer em momentos de emergência. Vamos pegar sugestões, ouvir especialistas para montar um cronograma de treinamento incluindo os moradores”, informou, dizendo que a previsão é que as capacitações comecem no final de fevereiro ou no início de março.
Segundo previsões do Instituto de Ciências Atmosférica da Universidade Federal da Alagoas, o fenômeno La Niña deve trazer chuvas intensas à costa nordestina, em especial nos meses de junho e julho.
“Nós estamos trabalhando agora para que, no segundo quadrimestre do ano, fiquemos apenas em alerta”, disse Almeida.
A prefeitura afirma que também deu início à limpeza de galerias e canais, a fim de evitar transbordamentos na cidade. “Também estamos fazendo a operação de limpeza e desassoreamento de rios, colocando lonas –que ajudam a conter a erosão e deslizamentos– e verificando árvores que podem tombar”, contou o coordenador.
Solução definitiva com apoio do MP
O coordenador disse que vai pedir apoio ao Ministério Público (MP) para evitar novas ocupações irregulares. “Para resolver o problema temos que transferir as pessoas para casas em locais seguros. Mas precisamos também demolir as moradias em áreas de risco e ocupar esses locais para evitar novas construções. É um processo amplo, não é tão simples. Hoje, se você derruba uma casa em uma área dessas, outras duas são construídas. Precisamos do envolvimento do MP para evitar construções nessas áreas.”
Mortes em Maceió por conta de chuvas não são incomuns. Em junho de 2004, 24 pessoas morreram em decorrência dos temporais que atingiram a cidade. Em maio de 2009, seis óbitos foram registrados, todos de pessoas que viviam em áreas de encostas.
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