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Secretário de energia diz que "não fazia ideia" do risco de blecaute em SP

Arthur Guimarães<br>Do UOL Notícias<br>Em São Paulo

09/02/2011 20h27Atualizada em 09/02/2011 20h49

Membro do primeiro escalão do governo de Geraldo Alckmin, que assumiu este ano o Palácio dos Bandeirantes, o novo comandante da Secretaria de Energia de São Paulo, José Aníbal (PSDB), afirmou nesta quarta-feira (9) que “não fazia ideia” de que fragilidades no sistema de abastecimento de energia poderiam resultar em um blecaute como o registrado ontem, quando cerca de 2,5 milhões de pessoas foram afetadas na capital paulista.

Questionado se havia sido pego de surpresa, ele respondeu: “Sabia que nos estávamos com crescimento forte e que a geração estava bem, mas que havia problemas na área da transmissão e distribuição. Agora não tinha ideia especificamente que estávamos sob o risco de um episódio como aquele”, afirmou, após reunião em que o governo cobrou explicações das concessionárias pelo corte de energia.

Segundo Aníbal, havia entre as autoridades paulistas a certeza de que a potência dos transformadores seria suficiente, mesmo em caso de sobrecarga. “A suposição era que, mesmo havendo uma carga forte, não seria suficiente para derrubar a energia.”

O secretário afirmou que, após ouvir as empresas responsáveis pelo setor, chegou à conclusão de que houve uma falha não só operacional, mas também de comunicação. Segundo ele, o primeiro transformador que parou de funcionar ontem –por superaquecimento– não deveria ter sido desligado por inteiro, mas de forma gradativa.

“O desligamento quando ocorre é progressivo. Houve uma falha na comunicação. Esse transformador parou de funcionar e os outros dois não aguentaram o total da carga. O que deveria ter acontecido: o transformador está com problema? Então reduz a carga 80, 100, mas não 1.000 mega wats. Poderia ter reduzido apenas 200. Mas essa comunicação não funcionou.”

Segundo ele, no entanto, o governo não tem poder para punir as empresas pelas eventuais falhas. Como explicou Aníbal, as sanções devem ser analisadas e executadas pelas agências reguladoras do setor.

Estavam presentes no encontro de hoje o presidente da Eletropaulo, Britaldo Soares, o presidente da Agência Reguladora de Saneamento e Energia de São Paulo (Arsesp), Hugo Sérgio de Oliveira, o presidente da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), Cesar Augusto Ramirez Rojas, e o diretor de Administração dos Serviços de Transmissão da Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Roberto Gomes.

Medidas

Classificando o apagão como “inaceitável”, Aníbal afirmou que o governo tomará três medidas primordiais para evitar que novos blecautes atinjam os paulistanos. Em primeiro lugar, listou o secretário, a partir desta quarta-feira (9) a subestação Bandeirantes –palco do problema de terça– receberá um adicional de 100 megawats vindos da usina Piratininga, na região da represa Billings. “Dá uma boa margem para qualquer novo problema. Teremos um fornecimento alternativo.”

Além disso, a secretaria estuda a colocação de um “novo banco de transformadores” na subestação Bandeirantes, o que poderia acontecer em até dez dias. “No caso de sobrecarga, essa reserva entraria em funcionamento.” Por fim, ele argumentou que o governo irá tentar acelerar o mais rápido possível as obras da futura subestação Piratininga 2, prevista inicialmente para ser entregue em fevereiro de 2012.