La Niña deixa três municípios do Amazonas em estado de emergência por cheia do rio Juruá
O fenômeno meteorológico conhecido como La Niña deixou três municípios do Amazonas em estado de emergência com o aumento do nível do rio Juruá, informou a Defesa Civil do Estado. Consideradas as cidades mais distantes da capital, Guajará (1.476 quilômetros de Manaus), Ipixuna (a 1.476 quilômetros) e Eirunepé (1.245 quilômetros) somam, juntas, 66.939 habitantes, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010. De acordo com dados das prefeituras dos municípios, cerca de 4.500 pessoas foram atingidas diretamente pela cheia do Juruá nos três municípios.
O La Niña corresponde ao resfriamento das águas superficiais do oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental formando uma "piscina de águas frias". Segundo o meteorologista da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) José Silveira o fenômeno causa um grande aumento no índice pluviométrico do norte e leste da Amazônia. “O aumento da chuva pode chegar a 30% em um único mês”, afirmou o especialista.
O prefeito do município de Guajará, Manoel Hélio Alves, disse que há muitos anos a cidade, que tem 14.074 habitantes, não registrava o aumento no nível do rio Juruá. Ele disse que os principais afetados na cheia são os "ribeirinhos", moradores das margens do rio. “Eles perderam tudo, desde plantação à criação de gado. Sem contar suas casas, que foram obrigados a deixar para morar com parentes na área urbana da cidade”, contou o prefeito. Alves disse que o número de famílias diretamente atingidas pela cheia dos rios na cidade é de 500, totalizando 1.100 pessoas.
Dados do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) dão conta que o rio Juruá subiu 25 centímetros nas últimas duas semanas. Ontem, ele atingiu a cota de 12,70 metros, 10 centímetros a menos que a cota de transbordamento. Em 2010, o rio atingiu a marca de 13,10 metros e, em 2005, quando ocorreu uma grande enchente, chegou a 13,58 metros.
Palafitas mais altas
Em Ipixuna, mais de 1.400 pessoas tiveram plantações perdidas e tiveram que abandonar suas casas por causa do aumento dos rios, informou o assessor da prefeitura Armando Filho Oliveira. Segundo ele, em alguns casos, as famílias se recusam a deixar suas casas -- a maioria vive em palafitas -- e tentam aumentar a base de sustentação das moradias para se adequar às cheias do rio Juruá. “A prefeitura e a Defesa Civil buscam iniciativas para retirá-los, mas muitos insistem em ficar no local”, disse Armando. Em Ipixuna vivem 22.199 pessoas.
É o que aconteceu com a filha da agricultora Maria Efigênia da Silva. Ela disse que a dona de casa de 17 anos, que mora com dois filhos e o marido, resolveu aumentar em um metro a base da casa em relação ao solo. “Eles levantaram o assoalho e estão vivendo do lado de dois bois e parte da plantação que foi colocada em bacias para não ser perdida”, explicou.
As palafitas têm assoalhos de madeiras. Com a chuva, o chão alaga totalmente. Para evitar o alagamento, os moradores fincam pernamancas (tipos de madeira) nas colunas internas das casas e constroem uma espécie de outro andar da casa. Algumas casas chegam ficar com até três assoalhos, dependendo do nível de alagamento. Esse tipo de construção também é conhecido como "maromba".
Com o maior número de habitantes (30.666 pessoas) entre as cidades atingidas, Eirunepé possui cerca de 2 mil pessoas afetadas diretamente pela cheia do rio Juruá, segundo o líder comunitário Joel Figueiredo. Ele disse que a maioria das pessoas afetadas decidiu ficar em abrigos provisórios disponibilizados pela prefeitura para esperar o rio baixar. “Acredito que isso pode durar até um mês”, finalizou.
Outros rios
Registros do Serviço Geológico do Brasil apontaram que somente o rio Juruá pode chegar à cota de emergência no Amazonas. Outros rios do Estado, como o rio Negro, não devem alcançar o recorde de 2009, quando o nível do rio chegou a 29,77 metros. O órgão lembrou ainda que a previsão da cheia neste ano indica um nível máximo entre 27,51 metros e 28,25 metros (média de 27,88 metros).
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