Polícia prende homem que teria vendido arma a atirador; homem admitiu ter vendido também munições
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta quinta-feira (14) o suspeito de ter vendido o revólver calibre 38 ao autor do massacre na escola de Realengo, na zona oeste da capital, Wellington Menezes de Oliveira, no último dia 7. A apresentação será feita nesta tarde na Delegacia de Homicídios (DH), na Barra da Tijuca.
Segundo informações do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, os peritos da Polícia Civil conseguiram identificar o número de série do revólver, que estava raspado. Pela numeração, os investigadores encontraram o proprietário e vendedor confesso da arma, Manuel Freitas Louvise, 57.
Louvise admitiu em depoimento ter vendido o revólver, os carregadores "jet speed" (ou "speed loader") e uma grande carga de munição, esta última pelo menos em duas oportunidades, segundo o Tribunal de Justiça.
A juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo acatou a denúncia do Ministério Público e deferiu o pedido de prisão preventiva por considerar que o acusado oferece "risco a ordem pública uma vez que, mesmo sabendo dos riscos oferecidos por armas de fogo, cometeu o crime de vendê-la juntamente com carregadores e munição sem se preocupar com as consequências".
A magistrada também observou que Louvise "manteve-se oculto" mesmo sabendo da "atrocidade cometida contra as 12 crianças assassinadas" e da investigação para encontrar os vendedores das armas a Wellington Menezes de Oliveira. Segundo ela, tais circunstâncias provam a periculosidade do acusado.
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, Louvise trabalhava em um abatedouro no qual Oliveira esteve empregado até agosto do ano passado e foi preso pelo crime de comércio ilegal de arma de fogo.
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Revólver calibre 32
No último dia 9, a Divisão de Homicídios anunciou a prisão de dois suspeitos de terem vendido a arma calibre 32 a Oliveira. A divisão da Polícia Civil fez o pedido de prisão preventiva ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro após ter ouvido depoimento dos suspeitos na noite de sexta-feira (8).
O chaveiro Charles Souza dos Santos e o desempregado Isaías da Silva foram detidos por policiais militares do 21º Batalhão, de São João de Meriti (Baixada Fluminense), no bairro de Santa Cruz, zona oeste do Rio.
A prisão se deu após os PMs serem informados por uma terceira pessoa sobre a conversa entre Charles e Isaías na qual a dupla afirma que a arma vendida para o Sheik (apelido de Wellington) estava "afiadinha".
O revólver calibre 32 teria sido vendido por R$ 260, mas Charles e Isaías teriam ficado apenas com R$ 30 cada. O nome fornecido pela dupla ao delegado Felipe Renato Ettore, titular da Divisão de Homicídios (DH) do Rio, como sendo o do dono do revólver aparece nos dados da polícia como desaparecido ou morto. O outro revólver está com a numeração raspada.
Entenda o caso
Na quinta-feira (7), por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, em Realengo, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já na sala de aula, o jovem de 23 anos sacou a arma e começou a atirar nos estudantes.
Oliveira deixou uma carta com teor religioso, onde orienta como quer ser enterrado e deixa sua casa para associação de proteção de animais.
O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da polícia, avisado por um estudante que conseguiu fugir da escola, balear Oliveira na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Ele portava duas armas e um cinturão com muita munição.
Doze estudantes morreram --dez meninas e dois meninos-- e outros 12 ficaram feridos no ataque.
Na sexta (8), 11 vítimas foram sepultadas nos cemitérios da Saudade, Murundu e Santa Cruz. Já no sábado pela manhã, o corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, 13, o último a deixar o Instituto Médico Legal (IML), foi cremado no crematório do Carmo, no centro do Rio.
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