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MP faz operação em ONG suspeita de revender peças de caça-níqueis no Rio Grande do Sul

Lucas Azevedo<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Porto Alegre

26/04/2011 15h19

O Ministério Público do Rio Grande do Sul e a Brigada Militar desencadearam na manhã desta terça-feira (26) uma operação que investiga a suposta ação ilegal de uma ONG ligada a caça-níqueis.

A organização não governamental, que deveria transformar peças dessas máquinas apreendidas em computadores para pessoas de baixa renda, é suspeita de revender o material a empresários do jogo ilegal. A ONG recebia verbas do município de São Leopoldo e do governo federal pelo Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

Conforme o promotor Eduardo Coral Viegas, a ONG repassava para entidades de auxílio a comunidades carentes aparelhos em número muito inferior do que o de máquinas apreendidas encaminhadas a ela pela Justiça. “Surgiu essa desconfiança. Poucas máquinas eram reenviadas para a inclusão digital. Então descobrimos a ligação de quadros da ONG com um grande empresário de caça-níqueis, que comprava as peças diretamente da organização.”

A investigação do MP, que teve início em outubro do ano passado, apontou que o diretor presidente e o conselheiro fiscal da ONG negociavam as "ceduleiras" (equipamentos que fazem o reconhecimento das notas de dinheiro, uma das peças mais importantes de um caça-níquel) para exploradores do jogo. O principal comprador é um empresário de origem árabe, 29, de Sapucaia do Sul, tido como grande contraventor do ramo do jogo.

Além disso, o MP descobriu a ligação do presidente da ONG com um policial civil de São Leopoldo. O funcionário público facilitaria os negócios ilegais da organização.

Durante a investigação, os promotores receberam uma denúncia anônima que ligava outros dois policiais ao tráfico de drogas. Eles ganhariam propina do grupo liderado pelo traficante preso Paulo Márcio Duarte da Silva, o Maradona, líder da maior facção criminosa que atua nos presídios gaúchos.

Durante a operação, foram apreendidas 12 máquinas caça-níqueis, três armas, drogas, R$ 3.000 em dinheiro e agendas com contatos de traficantes e possíveis compradores das "ceduleiras".

Além do empresário de 29 anos que comprava as peças de caça-níqueis da ONG, três traficantes de drogas foram presos. Dois dos policiais devem ser afastados de suas funções. O MP chegou a pedir a prisão dos membros da ONG, mas a Justiça não deferiu o pedido.

Os advogados da organização não foram localizados pela reportagem.