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Chuvas matam três, e milhares perdem suas casas no Nordeste; 28 municípios já decretaram emergência

Homem leva bicicleta por área alagada de Assu, cidade do Rio Grande do Norte castigada pela chuva - Divulgação/Governo do Rio Grande do Norte
Homem leva bicicleta por área alagada de Assu, cidade do Rio Grande do Norte castigada pela chuva Imagem: Divulgação/Governo do Rio Grande do Norte

Aliny Gama e Carlos Madeiro

Especial para o UOL Notícias<br>Em Maceió

02/05/2011 13h27

Três pessoas morreram e milhares estão desabrigadas ou desalojadas por conta das fortes chuvas que caem em Estados do Nordeste desde a última sexta-feira (29). A última morte ocorreu na madrugada desta segunda-feira (2), no município de Camaragibe (PE). As outras duas mortes ocorreram em São Luiz do Quitunde (AL), na sexta-feira, e em Paulista (PE), no sábado.

Segundo balanço feito pelo UOL Notícias com as defesas civis estaduais e nacional, desde o início da temporada de chuvas (final do março), 28 municípios decretaram situação de emergência. Desses, 14 já tiveram homologação ou já estão em análise da Secretaria Nacional de Defesa Civil em quatro Estados: Maranhão, Bahia, Sergipe e Rio Grande do Norte.

A situação preocupa já que o inverno ainda não chegou e os meses de maio e junho são os que registram, historicamente, as maiores chuvas. Para este ano, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, estão previstas chuvas acima da média.

No fim de semana, os três Estados que mais sofreram com as chuvas na região foram Alagoas, Pernambuco e Rio Grande do Norte. No domingo, os governadores de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), e do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), visitaram as cidades atingidas pelas cheias e prometeram ir a Brasília pedir recursos ao governo federal. Nesses Estados, 14 municípios tiveram situação de emergência decretadas: cinco em Alagoas, no sábado, e toda a região do Vale do Açu, que compreende nove municípios do Rio Grande do Norte, no domingo.

Chuvas causam mortes
Pernambuco não teve decretos de situação de emergência por municípios até o momento, mas é o Estado que apresenta o maior número de mortos: dois, desde sábado. A primeira vítima morreu em Paulista, na RMR (Região Metropolitana do Recife). Regina Nunes, de 77 anos, tentava salvar os móveis de sua casa junto com a filha, quando a água inundou completamente o imóvel.

A segunda vítima registrada pela Defesa Civil foi a jovem Lídia Almeida da Silva, 21 anos, em Camaragibe, também na RMR. Ela morreu soterrada por uma barreira que deslizou em sua casa nesta segunda-feira. Um rapaz que estava na mesma casa ficou ferido e está internado em um hospital do Recife. A Defesa Civil não informou número de desabrigados e desalojados.

O município de Rio Formoso, na Zona da Mata Sul, está com quatro comunidades ribeirinhas alagadas pelas águas do rio de nome idêntico ao da cidade, além de inundações em três áreas urbanas. De acordo com a coordenadoria da Defesa Civil, as águas do rio Formoso já atingiram todo o centro, o espaço da feira pública e a rodoviária. A Defesa Civil teme que a água chegue ao hospital.

Em Barreiros, na região Sul, está concentrado o maior número de pessoas que tiveram que sair de casa: 150 famílias estão desabrigadas desde o final da semana passada por conta da enchente do rio Carimã. O município está finalizando a documentação para decretar estado de emergência ainda nesta segunda-feira.

Em Alagoas, segundo a Defesa Civil Estadual, as chuvas deixaram, desde a última sexta-feira, um morto, cinco feridos e 3.093 desabrigados ou desalojados. Uma criança morreu soterrada após o deslizamento de barreira, na sexta-feira, em São Luiz do Quitunde. A cidade foi praticamente coberta pelas águas, na sexta-feira, assim como o município de Jundiá - ambos foram atingidos pelas cheias dos rios Manguaba e Camaragibe. As duas cidades são as que apresentam situações mais preocupantes. Além delas, Novo Lino, Campestre e São Miguel dos Milagres também decretaram emergência.

No Rio Grande do Norte, são 121 famílias desabrigadas por conta das chuvas da última semana. A situação mais grave é Ipanguaçu, onde 13 comunidades estão isoladas por conta do sangramento do açude Pataxó. O município foi o primeiro a decretar emergência, na quinta-feira, por conta das cerca de cem famílias que ficaram desabrigadas.

Segundo a agência de governo do Estado, a região do Vale do Açu, que compreende nove municípios (Assu, Alto do Rodrigues, Carnaubais, Ipanguaçu, Itajá, Jucurutu, Pendências, Porto do Mangue e São Rafael), foi bastante atingida pelas cheias dos rios Piranhas/Açu e Pataxó. Neste domingo, a governadora anunciou que o Estado reconhecerá o estado de emergência em todo o Vale.

Durante a visita, a governadora autorizou uma série de ações e novas medidas de apoio às famílias atingidas e afirmou que, com o decreto de emergência, os recursos poderão chegar de forma mais rápida aos municípios, sem burocracia. A governadora quer do Ministério da Integração Nacional apoio para o projeto de desmatamento das margens e desassoreamento do rio Piranhas e do afluente Pataxó.

No Maranhão, segundo a Secretaria Nacional de Defesa Civil, as chuvas de março levaram oito municípios a decretar emergência - quatro deles já tiveram portaria reconhecida, e outros quatro estão em análise de documentos. Já Sergipe tem um município - Canindé do São Francisco - com decreto de emergência reconhecido, com data de 16 de março. Na Bahia são quatro: Prado, Malhada, Itapicuru e Itabuna, todos com portarias reconhecidas em março.