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Morte de 16 pessoas em trio elétrico de Minas Gerais foi acidental, diz inquérito

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Belo Horizonte

30/05/2011 18h44

A Polícia Civil mineira divulgou na tarde desta segunda-feira (30) a conclusão do inquérito sobre o acidente com trio elétrico que em fevereiro deste ano matou 16 pessoas e feriu quase 60 na cidade de Bandeira do Sul, sul de Minas Gerais, a 440 quilômetros de Belo Horizonte.

Veja momento da explosão de cabo de energia em cidade de MG

De acordo com o delegado que cuidou das investigações, a causa dos óbitos foi acidental. Um curto-circuito fez com que cabos da rede elétrica caíssem sobre o veículo e no solo ao redor do caminhão, causando a morte instantânea de 15 vítimas.

Centenas de pessoas participavam de um pré-Carnaval no município. Uma pessoa morreu posteriormente, no hospital de pronto-socorro João 23, em Belo Horizonte, onde ficou internada.

Após três meses de investigação e um inquérito de 258 páginas, o delegado Hernani Perez Vaz, da cidade de Poços de Caldas (MG), afirmou que não há como indiciar ninguém pelo acidente, que, segundo ele, foi causado por serpentina atirada contra a fiação elétrica, depois de ouvidas todas as testemunhas e realizadas as perícias técnicas.

O delegado disse, porém, que a conclusão não exime que ações na esfera cível não possam ser feitas. “Por se tratar de acidente, foge da esfera criminal, mas isso não isenta de eventual responsabilização na esfera cível”, resumiu o delegado.

Nesse quesito, ele citou como exemplos de ações que, hipoteticamente, podem ser impetradas na Justiça pelas famílias dos mortos as de dano moral e patrimonial, com vistas a futuras indenizações. 

Serpentina metalizada

A perícia concluiu que a causa do curto-circuito foi o contato da serpentina metalizada com a rede elétrica. “Ocorreu o disparo com a serpentina, que veio a atingir a rede elétrica, ocasionou o curto-circuito e, em razão disso, aconteceu o rompimento de um cabo de energia elétrica”, afirmou o delegado.

Questionado se a empresa não poderia, diante da suposta falha no equipamento, ser responsabilizada pelo acidente, o policial afirmou que não poderia fazê-lo. “Criminalmente, não. Mas isso não exclui a possibilidade de responsabilização na esfera cível”, salientou.

O inquérito será enviado nesta terça-feira para o juiz da comarca de Campestre, que abrirá prazo ao Ministério Público para o órgão se manifestar.

Relembre o caso

À época, segundo a Polícia Militar, o acidente ocorreu quando uma pessoa disparou um foguete contendo serpentina laminada em direção aos fios de energia elétrica. Houve um curto-circuito e o rompimento dos cabos, que atingiram o trio elétrico e o chão. As pessoas que estavam no solo e em contato com a carroceria do veículo foram atingidas pela descarga elétrica.

Segundo a PM, houve 15 óbitos instantâneos, sendo que algumas vítimas foram eletrocutadas após tocarem em quem recebia a descarga elétrica. De acordo com a corporação, 57 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas para o pronto-socorro da cidade e a hospitais de Poços de Caldas, Botelhos e Campestre, municípios próximos a Bandeira do Sul. A cidade ficou sem fornecimento de energia elétrica por algumas horas.