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Governo planeja escolta para 30 ativistas após assassinatos na região Norte

Maurício Savarese

Do UOL Notícias <br>Em Brasília

31/05/2011 14h22

O governo federal anunciou na terça (31) que fará uma triagem em uma lista da CPT (Comissão Pastoral da Terra) para avaliar a necessidade de proteção pessoal a 30 ativistas envolvidos em conflitos no campo e que já sofreram tentativa de assassinato nos últimos dez anos. A medida foi tomada após o assassinato de quatro pessoas na região Norte nos últimos dias.

A secretária nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, se reuniu em Brasília com representantes do Ministério da Justiça, do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e da CPT para receber uma relação com mais de 1.800 nomes que sofreram algum tipo de ameaça por conta de conflitos agrários nos últimos 25 anos. Desses, 207 foram intimidados mais de uma vez. Quarenta e dois foram mortos e 30 sobreviveram a tentativas de homicídio.

“Temos vários sistemas de proteção. Um deles é a escolta coordenada pela Polícia Federal. Precisamos de uma triagem, mas esses 30 entram como prioridade”, disse a ministra.

Rosário afirmou que para evitar novos crimes como os da última semana é necessário debelar grupos de extermínio e pistolagem que atuam, em especial, na região Norte.

Por conta disso, o Ministério da Justiça retomará a operação Arco de Fogo, de fiscalização de crimes ambientais. A ministra não deu prazo para completar a triagem e negou que o governo federal tenha recebido a lista de ameaçados no ano passado, ao contrário do que dizem representantes da CPT.

Rosário explicou que a escolta dependerá de uma análise técnica e que o governo não tem condições de fornecer grande efetivo de policiais para atender a todos os ameaçados da lista da CPT. “É errôneo e ilusório achar que podemos lidar com mais de 1.800 nomes”, disse. “É uma análise que vai depender do tipo de ameaça, do local onde está o ameaçado, entre outros fatores".

Mortes

Nos últimos dias, a região Norte foi marcada pela insegurança gerada por conflitos fundiários. Quatro agricultores morreram, três deles no Pará: os líderes José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva e Erenilto Silveira dos Santos, suposta testemunha. Adelino Ramos foi assassinado em Vista Alegre do Abunã, em Rondônia. Segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra), três deles tinham denunciado a ação ilegal de madeireiros.

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