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OAB-MG vai investigar advogado acusado de extorsão contra noiva do goleiro Bruno

Rayder Bragon <br>Especial para o UOL Notícias

Em Belo Horizonte

14/06/2011 14h32

A OAB-MG (Ordem dos Advogados do Brasil de Minas Gerais) vai investigar o advogado Robson Martins Pinheiro Melo, acusado de integrar suposto esquema de extorsão contra a dentista carioca Ingrid Oliveira, que se apresenta como noiva do goleiro Bruno Souza, réu em processo sobre o desaparecimento da ex-amante do jogador Eliza Samudio.

A denúncia feita pela dentista envolveria também a juíza Maria José Starling, da comarca de Esmeraldas, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, em esquema para libertar o atleta, por meio de habeas corpus, mediante o pagamento de R$ 1,5 milhão.

Presidente da OAB-MG, Luís Cláudio Chaves adiantou à reportagem do UOL Notícias que o advogado será investigado por processo disciplinar de ofício. “Nós estamos aguardando que a Ingrid apresente as provas que ela diz ter. Dependendo das provas, ele pode ser suspenso preventivamente”, afirmou. 

Segundo ele, o processo aberto contra Melo se baseou, por enquanto, nas denúncias veiculadas na imprensa. “Não há uma representação formal (contra o advogado), mas, diante das denúncias feitas pela imprensa, a OAB abriu um processo contra ele. (O advogado) vai ser ouvido”, explicou Chaves.

De acordo com o dirigente, a Comissão de Ética e Disciplina do órgão pretende ouvir Melo, mas ainda não há uma data definida. Ontem, o presidente da comissão, Ronaldo Armond, havia afirmado que somente abriria procedimento contra Melo caso a dentista apresentasse provas contra ele. Segundo Chaves, caso fique comprovada a culpa de Melo, ele poderá ser expulso da ordem.

Acusação

Ingrid Oliveira foi ouvida pela comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (AL-MG) na última sexta-feira (10). Segundo a dentista, a magistrada, que colheu depoimentos de testemunhas do caso em outubro do ano passado, teria apresentado a ela o advogado Robson Martins Pinheiro Melo, formulador da proposta.

A intermediação da magistrada, conforme o depoimento de Ingrid obtido pela reportagem do UOL Notícias, não se deteve à suposta indicação do advogado, mas também à oferta de estada na casa da juíza enquanto a dentista estivesse em Minas Gerais.

Ainda conforme o relato de Ingrid, que admitiu ter tentando levantar a quantia com “amigos de Bruno no meio esportivo”, o advogado teria passado a cobrar adiantamento do valor antes mesmo de entrar com o habeas corpus. A mulher contou ter procurado Cláudio Dalledone, advogado do goleiro, a quem descreveu o episódio. 

Após anular procuração que havia dado a Melo, a dentista disse ter sofrido ameaças de um homem na porta da penitenciária de segurança máxima Nelson Hungria, em Contagem (MG), onde o goleiro está preso. Segundo ela, o homem se identificou como policial e a teria “aconselhado” a manter Robson Melo no caso.

O deputado estadual Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia de MG, confirmou as denúncias. “Não tem inocente nessa história. Eles não conseguiram levantar o dinheiro e disseram ter passado a ser ameaçados por policiais civis”, disse. O deputado acusou a magistrada de conduta irregular no caso. “Vou encaminhar esse depoimento para o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e para a corregedoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais”, adiantou.

O advogado da magistrada, Getúlio Barbosa de Queiroz, afirmou que a juíza “não precisa se defender” e acusa o deputado Ângelo de ser desafeto da sua cliente. “Isso é arranjo desse deputado porque ele já foi condenado a pagar a ela uma indenização por danos morais”, relata. O advogado disse que vai processar o deputado.

Procurado pela reportagem do UOL Notícias desde ontem, Robson Melo se prontificou a responder a perguntas que, por exigência dele teriam de ser formuladas por e-mail, até as 18 horas desta terça-feira (14).

Juíza polêmica

A juíza causou polêmica, no final de outubro do ano passado, ao se declarar favorável à soltura do goleiro. Ao final da sessão realizada no fórum de Esmeraldas para colher depoimentos de testemunhas, ela concedeu entrevista coletiva, fato incomum na magistratura, defendendo a liberdade de Bruno.

Antes de a sessão ser iniciada, ela ainda permitiu que funcionárias do local tirassem fotos com o jogador. Ela também se reuniu em privado com ele em uma sala anexa ao local da audiência, onde ficaram por 15 minutos, depois da entrevista concedida à imprensa.

De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJ-MG), ela havia respondido a dois processos na corregedoria do órgão, mas que foram arquivados.