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Processo sobre acidente que matou 16 foliões em trio elétrico em Minas Gerais será arquivado

Rayder Bragon

Especial para o UOL Notícias<br>Em Belo Horizonte

16/06/2011 11h30

O processo criminal sobre o acidente em fevereiro deste ano com um trio elétrico que matou 16 pessoas e feriu quase 60 na cidade de Bandeira do Sul, localizada no sul de Minas Gerais, será encaminhado à Justiça nesta quinta-feira (16) com pedido de arquivamento feito pelo promotor Glaucir Antunes Modesto, da cidade de Poços de Caldas (MG).

Veja momento da explosão de cabo de energia em Bandeira do Sul (MG)

Ele disse à reportagem do UOL Notícias não ter encontrado elementos no curso das investigações para que fosse formulada denúncia à Justiça.

Um curto-circuito, provocado por uma serpentina metalizada lançada na fiação elétrica, fez com que cabos da rede elétrica caíssem sobre o veículo e no solo ao redor do caminhão, causando a morte instantânea de 15 vítimas.

Centenas de pessoas participavam de um pré-Carnaval no município. Uma pessoa morreu posteriormente, no hospital de pronto-socorro João 23, em Belo Horizonte, onde ficou internada.

De acordo com o promotor, não foi possível a identificação do autor do disparo da serpentina metalizada. E, mesmo nessa condição, disse Modesto, ainda haveria a dubiedade de o autor ter ciência de que poderia causar uma tragédia de tamanha proporção. 

“Não seria possível exigir de qualquer pessoa que, naquela ocasião, tivesse conhecimento de que fazer o lançamento da serpentina metalizada pudesse causar um mal tão grave. Até então não se sabia que essa serpentina podia ser tão perigosa”, afirmou.

Para reforçar o argumento, Modesto afirmou que o Corpo de Bombeiros admitiu nos autos desconhecer até aquele momento a periculosidade do artefato.

A Polícia Civil mineira havia divulgado a conclusão do inquérito sobre o acidente no dia 30 do mês passado. Na ocasião, o delegado que cuidou das investigações havia afirmado ter sido acidental a causa dos óbitos. O inquérito fora então remetido a Modesto.

O processo será encaminhado pelo promotor de Justiça ao juiz da comarca de Campestre, que é responsável por Bandeira do Sul.

O magistrado, ao analisar o parecer do promotor, poderá manter o arquivamento ou optar em remeter o caso à Procuradoria-Geral de Justiça, do Ministério Público. Nesse caso, a procuradoria pode designar outro promotor para o caso, ou decidir pela denúncia à Justiça.

Responsabilidade cível

O promotor Glaucir Modesto frisou, no entanto, que as famílias das vítimas ou os feridos no acidente podem ainda entrar na Justiça na área cível.

“Essa decisão de pedir o arquivamento do processo na área criminal não significa que as vítimas não possam requerer na Justiça eventualmente uma indenização na área cível”, disse.