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TJ manda soltar babá flagrada agredindo bebês em Andradina (SP)

José Bonato<br>Especial para o UOL Notícias<br>Em Ribeirão Preto

19/06/2011 17h53

Acatando um pedido de habeas corpus, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu libertar no sábado (18) a babá Neusa Berenguel Lossavaro, 57 anos.

Presa há oito dias na cadeia feminina de Ilha Solteira (660 km de São Paulo) sob acusação de tortura, ela foi flagrada agredindo duas crianças pelas câmeras do sistema de segurança montado pelos pais dos bebês.

Foi a segunda vez que a defesa da babá apresentou um pedido de relaxamento de prisão. Na primeira oportunidade, no último dia 12, o pedido foi negado pela Justiça de Andradina.

Segundo o advogado da babá, Gilvaine Ortuzal, a nova decisão foi justa, pois a cliente tem endereço fixo, não possui antecedentes criminais e se apresentou espontaneamente à polícia, no último dia 10.

O pedido de prisão inicial foi uma decisão da Justiça de Andradina, a partir de pedido feito pela Delegacia de Defesa da Mulher. A prisão era por tempo indeterminado.

Neusa inicialmente negou que estivesse batendo nas crianças. Ela chegou a declarar que as imagens foram montadas e que, nas cenas das agressões, na verdade ela estava fazendo carinho nos bebês.

Em entrevista ao UOL Notícias concedida neste domingo (19), a babá disse que vai “confessar” amanhã, segunda-feira (20), os motivos que a levaram a bater no bebê, uma menina, e no irmão dele, que tem Síndrome de Down. “Refleti muito na prisão.” Ela não quis adiantar o teor do que vai confessar.

Os pais das crianças afirmaram que ficaram mais chateados pelo fato de a ex-funcionária ter batido nos filhos do que pela decisão de libertá-la. “Eu já esperava que ela fosse ser solta. Mas estamos revoltados pelo fato de ela dizer que estava fazendo carinho, e não batendo em nossos filhos”, afirmou o pai, o empresário Marcos Lacerda, 29.

De acordo com ele, o episódio mudou a rotina da família. “A gente aprendeu que não pode deixar os filhos com qualquer um. Agora estamos dando mais atenção para os nossos filhos. Estamos levando as crianças para a nossa loja quando vamos trabalhar.”

A chegada da babá à prisão em Ilha Solteira, no último dia 10, foi tensa. A polícia precisou negociar com as 39 presas para aceitarem Neusa. Elas viram as imagens das agressões e ficaram revoltadas.

Segundo o advogado da babá, as presas, ultimamente, estavam exigindo que a nova colega de cela contasse “toda a verdade”.

Neusa ficou oito dias numa cadeia com superlotação de presas. A maioria condenada por tráfico de drogas. Cabem 24 presas no local, mas recentemente havia 40 com a chegada da babá.

A Cadeia Feminina de Ilha Solteira tem apenas quatro celas e fornece três refeições ao dia. As visitas são feitas apenas uma vez por semana, das 14h às 17h.

Neusa disse, no entanto, que foi bem tratada na prisão. “Agora eu estou no céu ao lado do meu marido, dos meus três filhos e dos meus 14 netos.”