Açúcar contaminado com ferro, níquel e cobalto tem venda proibida em Minas Gerais
O Ministério Público Estadual determinou a suspensão da venda de cinco marcas de açúcar cristal na cidade de Divinópolis (120 km de Belo Horizonte), região centro-oeste de Minas Gerais, e a apreensão da mercadoria no comércio do município. De acordo com o órgão, ainda foi instaurado um processo administrativo.
As amostras contaminadas com material ferromagnético (cobalto, níquel e ferro) são das marcas Doce Mel, Campo Doce, Tip Top e Maxçúcar. O açúcar da marca Bonzão ainda carece de análise final, mas a sua revenda também está proibida preventivamente na localidade.
O médico Carlos William Delfim, clínico geral do Hospital João 23, em Belo Horizonte, informou que o consumo de pedaços de metal pode causar, em um primeiro momento, lesões no esôfago ou estômago – os ferimentos podem variar de acordo com o tamanho do material.
Outro problema, segundo Delfim, é a contaminação por alguma substância química liberada pelo metal e que pode ser absorvida pelo organismo. Esse risco só é avaliado diante do conhecimento de que tipo de metal foi ingerido.
Todo o Brasil
O promotor Sérgio Gildin disse que, por enquanto, a proibição é válida apenas para o município mineiro, mas pode ser estendida a todas as cidades de Minas Gerais e, se for o caso, a todo o Brasil.
“Caso constate que (os produtos) sejam comercializados em outras regiões do Estado, eu remeto (o processo) para o Ministério Público em Belo Horizonte que aí eles podem determinar a suspensão da venda no Estado e no restante do país. A ação proposta em qualquer foro de capital pode ter abrangência nacional”, disse Gildin.
Segundo o promotor, a vigilância sanitária estadual e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram alertadas sobre a possível comercialização dessas marcas em outras localidades.
As amostras do produto foram recolhidas em supermercados de Divinópolis entre os dias 30 do mês passado e 11 de julho, durante fiscalização. Fiscais do Ministério Público, Procons e agentes da vigilância sanitária ficarão encarregados de apreender os produtos impróprios para o consumo.
O promotor ainda solicitou auxílio à população, que poderá denunciar casos de descumprimento da determinação pelo telefone (37) 3691-3170.
Outro lado
A reportagem do UOL Notícias entrou em contato com a empresa que empacota as marcas Tip Top e Bonzão. O responsável pela área comercial da empresa disse que está tentando localizar a origem do açúcar, que, segundo ele, é da região de Ribeirão Preto, interior de São Paulo.
“Nós não fomos notificados ainda, mas vamos cumprir o que for determinado. Se foi detectado algum problema, não foi no empacotamento e, sim, na produção”, disse Luciano Almeida.
Questionado sobre o nome do fornecedor do açúcar, Almeida se esquivou. “A gente compra de várias usinas, ainda não conseguimos descobrir qual seria a que ocasionou isso aí (contaminação). Mas estamos tentando descobrir porque temos uma marca e precisamos zelar por ela”, afirmou.
A empresa que empacota a marca Doce Mel também foi procurada pela reportagem. Uma funcionária disse que o responsável iria se posicionar, mas até o fechamento deste texto não retornou a ligação.
A informação da operadora de telefonia traz que a ligação não foi completada com o número do telefone indicado como sendo da empresa que fabrica o açúcar denominado Campo Doce. A empresa que fabrica a marca Maxçúcar não foi localizada.
Ação civil pública
A presidente da Associação de Defesa do Consumidor do Centro-Oeste de Minas Gerais (Adeccom), Tereza Lada, afirmou que vai entrar com uma Ação Civil Pública contra outras marcas suspeitas de contaminação. Segundo ela, ação ainda vai pleitear que o nome do fabricante do produto seja revelado.
“Essa ação é para apurar outras marcas que ainda não estão proibidas de serem vendidas, mas são suspeitas de terem tido contaminação”, disse Tereza. De acordo com a dirigente, o objetivo é também saber a origem do produto impróprio para o consumo humano.
“Se não formos à origem do problema, pode ser que eles continuem a distribuir o mesmo produto, mas com outro nome. A gente quer saber a fonte. É fácil colocar o produto em embalagem com outro nome. Com essa ação, esses empacotadores vão ter de informar quem é o fabricante do produto.”
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