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Justiça do Rio condena três chefes do tráfico de drogas do Complexo do Alemão

Hanrrikson de Andrade<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>No Rio de Janeiro

16/08/2011 14h25

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro julgou à revelia três homens acusados de chefiar o tráfico de drogas no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro - região que foi ocupada pelas forças policiais no fim do ano passado. Fabiano Atanásio da Silva, o FB, Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, e Ricardo Severo, o Faustão, foram condenados a seis anos e oito meses de prisão em regime fechado. Os três estão foragidos.

A decisão é da juíza Alessandra Bilac, da 40ª Vara Criminal da Capital. Além de Pezão e FB, dois dos principais chefes do narcotráfico carioca (foragidos desde que a polícia iniciou os trabalhos para ocupar o Complexo do Alemão), e Faustão, preso em novembro do ano passado, outros 21 réus que respondem por associação ao tráfico de drogas e condutas afins receberam a mesma pena.

Segundo o Disque-Denúncia [21 2253-1177], a segunda maior recompensa oferecida por informações sobre criminosos diz respeito ao traficante Fabiano Atanásio da Silva, o FB - R$ 10 mil -, atrás apenas do valor pago - R$ 11 mil - por denúncias que levem à captura da advogada gaúcha Heloísa Borba Gonçalves, a Viúva Negra. Já Pezão vale R$ 2.000 na lista de procurados da central telefônica de denúncias do Rio.

Histórico

FB, 35, é acusado de ser o chefe do tráfico de drogas na Vila Cruzeiro, uma das favelas mais rentáveis antes do processo de pacificação desenvolvido pela Secretaria Estadual de Segurança Pública. Participou de vários crimes, entre os quais o sequestro de um grupo de chineses, há dois anos, e o ataque a policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis, em novembro de 2009, nas proximidades da favela de Manguinhos, na zona norte.

Também conhecido como Urubu, FM ou Thuthuco, o traficante começou cedo no crime. Em 2000, com 24 anos, Fabiano Atanázio já ocupava o cargo de chefe do tráfico no Morro do Urubu, em Pilares. No entanto, acabou perdendo o controle do morro para uma facção rival e travou uma guerra que durou mais de dois anos com o objetivo de conseguir retomar os pontos de venda de drogas.

Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, 34, era apontado como o principal chefe da facção criminosa Comando Vermelho (CV) na região do Complexo do Alemão. Começou a subir na hierarquia do tráfico em 2008, quando recebeu ordens de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar, os líderes do grupo (detidos em penitenciárias de outros Estados), para assassinar o ex-chefe da favela da Grota, o traficante Antônio de Souza Ferreira, o Tota.

Informações recebidas pelo Disque-Denúncia desde a fuga de Pezão dão conta de que ele poderia estar escondido na favela da Rocinha, cujo narcotráfico local é chefiado por Antônio Bonfim Lopes, o Nem, da facção criminosa Amigos dos Amigos (rival do Comando Vermelho).

Gatonet

Já Ricardo Severo, o Faustão, 32, era um dos homens de confiança de FB na gestão do tráfico de drogas na Vila Cruzeiro, onde gerenciava várias bocas de fumo. Ele foi preso em flagrante em novembro do ano passado, período em que o Batalhão de Operações Especiais (Bope) começava a ocupação policial na favela. No momento da captura, Severo tentava fugir em um Gol na companhia do também traficante Tasso Fernando Faustino, o Branquinho.

Além de gerenciar as bocas de fumo, Faustão também era o responsável por explorar na Vila Cruzeiro a comercialização do "gatonet" (central de TV clandestina), a submissão do gás, entre outros serviços. De acordo com a polícia, ele também teria participado do assassinato de Tota, em 2008.

Severo também está em um procedimento da 6ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) do Ministério Publico por formação de quadrilha e tráfico de drogas.