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Cetesb determina investigação sobre presença de gás metano em 6 prédios públicos e particulares da zona norte de SP

Do UOL Notícias*<br>Em São Paulo

13/10/2011 16h44

A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) solicitou à Prefeitura de São Paulo e a empresas privadas construídas sobre ou no entorno de antigos depósitos de lixo do chamado complexo Carandiru, na zona norte da capital, a investigação que confirme ou não a presença de metano do subsolo. As notificações foram feitas nesta quinta-feira (13), e os citados têm prazo de 45 dias para fornecer um relatório à companhia.

Os locais, segundo nota emitida pela Cetesb, são considerados "suspeitos de contaminação" por estarem próximos de antigas áreas de lixões utilizadas na década de 1970.

Mais locais contaminados

Além do shopping Center Norte, outros nove terrenos em São Paulo estão contaminados em situação considerada crítica pela Cetesb e apresentam riscos à população

É na região norte onde, semana passada, o shopping Center Norte ficou interditado durante dois dias pela prefeitura, devido ao risco de explosão –decorrente do vazamento de gás metano. Também lá, esta semana, a Justiça paulista determinou interdição do conjunto habitacional Cingapura, na avenida Zaki Narchi, a pedido da Promotoria de Defesa do Meio Ambiente, que apontou situação de gravidade e iminência de explosão. A liminar, que ainda determinava a remoção de mais de 2.700 moradores do conjunto, foi suspensa anteontem pelo juiz da 10ª Vara da Fazenda Pública da capital, Valentino Aparecido de Andrade, a pedido do próprio Ministério Público.

O pedido de investigação da Cetesb foi feito à Expo Center Norte –centro de exposições localizado no Complexo Center Norte–, ao hotel Novotel, à Lojas Decathlon e à Lenços Presidente. A prefeitura foi notificada por meio da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) e do Iprem (Instituto de Previdência Municipal) –todos, com sedes em terrenos onde funcionavam lixões.

Na nota, a companhia disse não ter haver razões para investigar a presença de metano na sede do Deic (Departamento de Investigações sobre Crime Organizado), na avenida Zaki Narchi, e no Terminal Rodoviário Tietê, na avenida Cruzeiro do Sul, também na região. "A princípio, com base em levantamento foto aéreo desses locais, a Cetesb considera que não estão localizados dentro da área suspeita de contaminação por metano. Entretanto, a agência ambiental aguarda o envio, por parte da Prefeitura de São Paulo, das informações já solicitadas sobre a localização de antigos depósitos de lixo na região, para providenciar o complemento das investigações", afirma a nota.

De acordo com a Cetesb, o objetivo principal dos estudos solicitados é confirmar ou não a existência de contaminação e "verificar a necessidade da realização de uma investigação detalhada nas áreas suspeitas", dentro das normas da companhia. A confirmação da contaminação se dá basicamente pela coleta de amostras e análises de solo ou água subterrânea nas áreas suspeitas.

Drenos no Cingapura

A Justiça suspendeu a liminar que determina a remoção das famílias e a interdição do Cingapura, mas determinou prazo máximo de 30 dias para que a prefeitura instale 20 drenos na área do residencial para dissipar o gás –prazo que o município promete cumprir em no máximo 20 dias, juntamente com a vedação das frestas nos apartamentos térreos do conjunto. Caso a determinação não seja respeitada, o Executivo terá de arcar com uma multa diária de R$ 100 mil.

A decisão foi tomada na tarde da última terça-feira (11) após audiência a portas fechadas entre o magistrado, a promotora de Meio Ambiente, Cláudia Fedeli, o diretor da Cetesb, Geraldo do Amaral Filho, a secretária-adjunta de Habitação, Elisabete França, o chefe da Procuradoria-Geral do Município, Celso Coccaro, e representantes da associação de moradores do Cingapura.

A assessoria da Sehab (Secretaria de Habitação) informou que foi apresentado ao juiz um plano de contingência e de gerenciamento de riscos para o residencial, que possui 35 blocos, e onde 140 apartamentos térreos e uma creche estariam sob risco de explosão, segundo o MP. A Sehab afirma que desde 2009 o habitacional é monitorado.

Entenda o caso

A audiência de terça foi pedida no final da tarde de segunda-feira (10) pela administração municipal, que apresentou à 10ª Vara da Fazenda Pública da capital pedido de reconsideração da decisão emitida na sexta-feira (7), que determinou não apenas a interdição do local e a remoção das famílias e seus pertences, como também exigiu que a prefeitura, em conjunto com a Cetesb, comece em até 20 dias uma monitoração diária e constante os níveis de concentração do gás metano nos 140 apartamentos térreos do Cingapura.

Veja onde fica o conjunto habitacional

  • O conjunto habitacional Cingapura fica na
    zona Norte da capital paulista, na avenida
    Zaki Narchi e próximo do shopping Center Norte

Cetesb minimiza riscos

No começo da semana, a Cetesb informou ter realizado medições para verificar os índices de concentração de gás metano nas dependências do residencial e não ter detectado "índice de inflamabilidade" no local. Entretanto, a companhia confirmou haver risco de explosão em um poço de monitoramento na área externa da creche, onde "foi registrado 100% do limite inferior de explosividade".

"Pelas investigações e monitoramento feito até agora para avaliar a ocorrência de metano no subsolo do Conjunto, a Cetesb não identificou, até o momento, situações de risco iminente de uma eventual explosão pelo confinamento do gás. No entanto, constatou um risco potencial que precisa ser eliminado com a adoção de medidas de remediação, conforme tem exigido", finaliza o texto.

* Com reportagem de Janaina Garcia