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Receita Federal investiga empresas de Pernambuco que importaram "tecido defeituoso"

Carlos Madeiro<BR>Especial para o UOL Notícias<BR>Em Maceió

17/10/2011 15h25

A Receita Federal informou nesta segunda-feira (17) que as empresas pernambucanas que importam tecido com defeito estão sob investigação. O objetivo é saber se outros contêineres com lixo e restos de material hospitalar chegaram ao Estado camuflados em materiais importados por indústrias do setor têxtil.

Por conta da descoberta, na semana passada, de dois contêineres com 46,6 toneladas de lixo e restos hospitalares vindos dos EUA, o setor de alfândega do Porto de Suape, em Ipojuca, também informou que vai ampliar a fiscalização a todas as cargas de produtos têxteis que chegam a Pernambuco, especialmente as novatas em compras internacionais.

Segundo o inspetor-chefe da alfândega do porto de Suape, Carlos Eduardo Oliveira, outras empresas do polo têxtil pernambucano importam material similar ao declarado pela N.A. Intimidade Ltda –responsável pela importação de oito contêineres de “tecido de algodão defeituoso”, dos quais dois estavam repletos de lixo hospitalar.

“Não são muitas empresas, mas há outras que também importam tecido defeituoso. O que agora estamos investigando é se há um caso similar. Existe essa possibilidade, já que nem todos as cargas foram inspecionadas. O nosso principal foco agora são as empresas novas que passaram a operar no porto”, disse, sem saber informar quantas empresas importaram e qual a carga chegada em Suape com essa especificação.

Segundo Oliveira, fiscais da alfândega já encontraram irregularidades em cargas registradas como “tecido defeituoso”, mas nunca com resíduos infectantes como os encontrados na semana passada. “Mas têm várias cargas que chegam e são de tecidos diferentes. Já encontramos cargas com tecido bom, mas com a identificação de defeituoso. O objetivo seria pagar menos imposto, já que as alíquotas são menores”, disse Oliveira.

Ainda de acordo com o inspetor-chefe, a partir de agora a fiscalização às cargas de produtos têxteis será ampliada. “Vamos colocar uma lupa nesse setor para saber o que chega. Existem vários casos em que os contêineres já eram abertos, e não teríamos porque mudar a rotina. Mas as empresas novas e que não costumam ir para o canal vermelho, de conferência, terão mais rigor”, assegurou.

Um dos motivos apontados pela dificuldade de fiscalização é o crescimento da movimentação do porto. Em agosto, por exemplo, Suape bateu recorde de movimentação, com passagem de 40 mil contêineres –46% a mais que o mesmo mês de 2010. “O nosso fluxo aumento muito, com a chegada de muitas empresas.

Pernambuco está crescendo demais, e isso se reflete na movimentação. O dólar tinha caído e isso fez com que muitas empresas importassem mais. A grande maioria são máquinas, produtos químicos”, explicou.

Oliveira informou que ainda não sabe precisar qual a data da chegada dos 14 contêineres que foram importados pela N.A. Intimidade Ltda. A previsão é que o navio chegue até o final desta semana, quando toda a carga será inspecionada.