Deficiente mental desaparece após ser preso em delegacia do interior do Maranhão
Um deficiente mental surdo-mudo desapareceu da delegacia do município de Maranhãozinho (445 km de São Luís), um dia depois de ser detido em uma festa na em Presidente Médici, no último dia 15. Segundo a polícia, Edvaldo Rocha, 28, estava com um grupo de quatro pessoas que causaram tumulto na festa da Proclamação da República e foram detidas.
A família do rapaz disse acreditar que ele tenha sido assassinado ainda na delegacia. O desaparecimento do deficiente está sendo investigado pela Superintendência de Policia Civil do Interior do Estado.
A mãe, Maria Raimunda Rocha, 61, contou que o filho saiu de casa escondido na noite do feriado, da cidade de Governador Nunes Freire, onde reside, para Presidente Médici, quando foi preso. Segundo ela, todos os detidos passaram a noite na delegacia de Maranhãozinho, mas foram libertados no dia seguinte e apenas Edvaldo continuou detido.
“Com o amanhecer, os policiais liberaram os outros rapazes, e somente meu filho ficou. Uma vizinha minha foi à delegacia e por acaso viu Edvaldo lá pedindo para ser solto e me avisou. Quando cheguei à delegacia para buscá-lo ele não estava mais”, disse Maria, destacando que a polícia alegou que o homem já teria sido libertado às 10h30 e teria saído correndo “que nem uma bala pegava”.
“Até hoje ele não chegou em casa e nunca passou tanto tempo sem dar notícia. Falei com uns pedreiros de uma obra que fica em frente à delegacia, que moram na nossa cidade, e eles disseram que não viram Edvaldo sair da delegacia em momento algum. Alguém tem de me dar explicações sobre onde meu filho está.”
Raimunda contou que foi por cinco vezes à delegacia em busca de uma resposta sobre o paradeiro do filho e pediu para ver a cela que o filho ficou preso. Ela disse acreditar que Edvaldo foi assassinado dentro da delegacia porque a cela estava lavada, “cheirando a água sanitária”. “A cela estava limpinha, e isso não é comum numa delegacia, onde a falta de higiene é precária. É tudo muito estranho”, disse.
Para tentar encontrar o filho, Raimunda está percorrendo uma verdadeira via crúcis. Desde o desaparecimento do rapaz, ela está viajando por cidades da região à procura de Edvaldo, e chegou a pagar combustível para abastecer um carro da polícia para que investigassem o caso. Raimunda informou que esta semana vai buscar apoio no Ministério Público Estadual.
Na tarde desta terça-feira (22), ela foi à Assembleia Legislativa do Maranhão em busca de apoio. Raimunda relatou o ocorrido ao deputado estadual Hemetério Weba, que usou a tribuna para falar sobre o desaparecimento de Edvaldo e denunciou o que chamou de abusos cometidos por “maus policiais”.
Outro lado
A reportagem do UOL Notícias entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão e foi informada de que o governo só tomou conhecimento do caso quando a mãe de Edvaldo foi à delegacia prestar depoimento, na última segunda-feira (21), e foi aberto inquérito investigatório.
Segundo a nota, as investigações estão sendo coordenadas pela Superintendência de Polícia Civil do Interior (SPCI) e pelas Delegacias do Município de Governador Nunes Freire e Regional de Zé Doca.
O superintendente do Interior, Jair Lima de Paiva, afirmou que após o depoimento de Maria Raimunda encaminhou uma equipe da Polícia Técnica-Cientifica para periciar a cela. “A perícia já foi feita no local. O laudo com o resultado deve sair ainda esta semana”, afirmou.
Ele destacou ainda que os policiais militares envolvidos no caso prestaram depoimento na Delegacia Regional de Zé Doca. “Trabalhamos com a hipótese de que Edvaldo Rocha esteja vivo. Não podemos tirar conclusões precipitadas. Todas as informações serão checadas”, disse o superintendente.
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