Topo

Carga de navio com rachaduras será transferida para facilitar conserto; risco de acidente é "mínimo", diz Marinha

Carlos Madeiro

Do UOL Notícias, em Maceió

08/12/2011 13h57

As autoridades do Maranhão aguardam para esta quinta-feira (8) a entrega do plano de contenção e emergência para o navio Vale Beijing, que apresenta rachaduras e está parado na costa de São Luís. A embarcação apresentou problemas no sábado (3), durante o carregamento de material para exportação da empresa Vale, no terminal de Ponta da Madeira. O navio está com 260 mil toneladas de minério e 5.000 litros de óleo combustível e sua carga será transferida para outro navio para facilitar o conserto da embarcação.

Nesta quarta-feira (7), o navio foi rebocado para a baía de São Marcos, a 7 km de distância da costa e com águas mais profundas. A medida foi tomada para evitar um acidente com a embarcação –já que havia o risco do fundo do navio bater no chão e se partir ao meio, derramando toda a carga no mar e causando um acidente ambiental sem precedentes no Estado. Atualmente, segundo a Marinha, o risco de um vazamento é “mínimo.”

Segundo o comandante do grupamento marinho do Corpo de Bombeiros do Maranhão, tenente-coronel João Gonçalves, a transferência do navio minimizou os riscos de um acidente ambiental e vai facilitar o conserto da embarcação. “Toda a carga que está no navio será transferida para outro, para que a embarcação possa ser removida e consertada. Toda operação será coordenada pela empresa sul-coreana [STX Pan Ocean, construtora do navio], que não repassou ainda quando isso deve ocorrer”, afirmou ao UOL Notícias.

Apesar do risco ter sido reduzido com o reboque do navio, o efetivo e os materiais dos bombeiros estão prontos para o caso de um acidente com o navio. “Estamos em alerta, com todo o pessoal de plantão a postos e com as embarcações prontas. Aqui em São Luís temos seis botes infláveis, duas lanchas e uma ambulância que também serve para conter incêndio. Em caso de acidente, todos serão acionados.”

Contenção

Em entrevista nesta quinta-feira à TV Imirante, o capitão dos Portos do Maranhão, Calmon Bahia, afirmou que as novas ações para conter vazamentos serão definidas em um plano de contingência, que deve ser entregue pelas empresas responsáveis pelo navio ainda nesta quinta-feira.

O capitão confirmou que está nos planos a retirada do minério para que o navio seja levado para conserto fora do Maranhão. “Acredito que o navio deve ser levado para estaleiro, onde seja feito o conserto completo. As empresas já estão se planejando para a retirada total ou parcial do minério e do combustível”, disse.

Segundo Bahia, existe um plano e materiais para contenção, já previstos pela Marinha, em caso de um acidente. “A Vale tem mais de 1.200 metros de barreiras de contenção. Mas existem outros materiais ainda que podem ser levados para área para se fazer limpeza do local”, disse, citando que, “conforme o agravamento do caso”, seriam necessários pedir equipamentos que estão localizados fora do Estado.

O capitão informou ainda que as empresas responsáveis pelos portos fazem treinamentos constantes para casos de acidentes marinhos e ambientais e sabem como agir e quem acionar nesses casos. “Existe um plano de apoio mútuo entre os três terminais de São Luís. Em caso de um sinistro, de um derramamento de um poluente, as três empresas se unem e usam seus materiais, com apoio de empresas contratadas, para fazer contenção.”

Para a Marinha, o risco de acidente com a carga do Vale Beijing ainda existe, mas são remotas. “Com as avarias nas proporções que estão hoje, são mínimas as chances de acidente. Até ontem [7] à noite não havia aumentado nada desde sábado. Mantendo-se assim, o risco é muito pequeno”, finalizou.

Segundo o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis), o caso está sendo acompanhado de perto pelas autoridades, que esperam para hoje o plano de contingência das empresas. O órgão informou que uma multa só deve ser aplicada caso haja vazamento da carga.