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MP vê contradição em laudo e pede novas investigações sobre morte de boxeador canadense

Carlos Madeiro

Do UOL Notícias, em Recife

03/01/2012 13h20

Dois anos e meio após a morte do campeão mundial de boxe Arturo Gatti, apontada pela Polícia Civil de Pernambuco como suicídio, o MP (Ministério Público Estadual) determinou, nesta segunda-feira (2), novas investigações sobre o caso. 

O boxeador canadense morreu em 11 de julho de 2009, em um hotel da praia de Porto de Galinhas (a 70 km do Recife). O corpo foi encontrado por sua esposa, a brasileira Amanda Karine, que é acusada pela família da vítima de ter matá-lo. Mas, para a polícia pernambucana, não houve provas contra a mulher do pugilista, o que levaram à conclusão do inquérito como "suicídio por enforcamento."

Segundo o MP, o pedido de novas diligências foi feito após análise de um relatório consultivo elaborado por profissionais norte-americanos e canadenses, a pedido da família do boxeador.

O laudo encomendado alega que, conforme as condições apontadas pela polícia pernambucana, seria impossível Gatti ter cometido suicídio. 

O objetivo das novas investigações é esclarecer os pontos apontados pela investigação paralela, e que ainda considerados obscuros na morte do campeão mundial.

“Remanescem questões que podem e devem ser melhor esclarecidas”, afirmou a promotora do caso, Paula Catherine Ismail, no documento encaminhado à polícia pernambucana.

Entre os pedidos, o MP solicitou esclarecimentos ao IC (Instituto de Criminalística) de Pernambuco sobre a análise da tração e da resistência da alça da bolsa usada para o enforcamento da vítima.

Segundo a promotora, há contradições no próprio laudo oficial. Em um dos trechos da perícia, o IC afirma que “a alça se rompeu em cinco segundos, após pressão de 35kg”.

Já na conclusão do mesmo laudo, os mesmo peritos dizem que o material teria aguentado o peso do boxeador --aproximadamente 70kg-- por pelo menos três horas, antes do rompimento da costura.

Outro ponto questionado pela promotora é uma marca de cerca de três centímetros, em encontrada no pescoço do boxeador. “A espécie de sulco encontrada no corpo encontra-se incluídas entre as características de asfixia por enforcamento?”, diz o documento do MP, levando como base o relatório da assistência da acusação.

O MP pede também que o IML (Instituto Médico Legal) de Recife informe sobre a existência de sangue de Arturo Gatti, para que possa ser realizado o teste de alcoolemia.

No documento, a promotora ainda pede –conforme determinado pela Justiça-- da remessa de material apreendido ao IC para que sejam periciados e investigados a procedência do sangue contido nos objetos do quarto onde o boxeador estava.