Pesa 11 toneladas e tem assento ejetável: como é caça da FAB que caiu no RN
Um caça F-5M da FAB (Força Aérea Brasileira) caiu na tarde desta terça-feira (22) no município de Parnamirim (RN) durante um exercício aéreo. O piloto conseguiu se ejetar antes de o caça colidir com o solo. Em nota, a FAB disse que o militar foi resgatado por uma equipe de salvamento.
Que aeronave é essa?
A F-5 é uma família de caças leves supersônicos, cujo primeiro modelo foi inventado nos anos 1950 pelos americanos da Northrop Corporation. O primeiro voo aconteceu em julho de 1959, segundo o Museu da Força Aérea dos EUA. Ele foi incorporado a operações no início dos anos 1960 e modelos posteriores foram vendidos a aliados americanos durante a Guerra Fria.
Em 1964, os EUA começaram a treinar pilotos estrangeiros com os caças, os primeiros do Irã e da Coreia do Sul. Em seguida, Noruega, Grécia, Taiwan, Espanha e outras nações também começaram a receber treinamento para que seus pilotos voassem os primeiros modelos de F-5.
Caças também foram utilizados extensivamente na Guerra do Vietnã. Após realizar operações entre 1965 e 1967 no país, os EUA entregaram aeronaves para militares do Vietnã do Sul, então aliado ocidental.
Os primeiros F-5 chegaram ao Brasil nos anos 1970. A FAB adquiriu 79 caças F-5 de diversos modelos da própria Northrop em três lotes em 30 de dezembro de 1973, um negócio de US$ 115 milhões. O primeiro lote, com 42 aeronaves, chegou em 1975 (eram seis F-5B e 36 F-5E à época).
Quais são as características deste caça?
O F-5M mede 4,08 metros de altura, 15,45 metros de comprimento e pesa 4.349 kg quando vazio. Equipado e em operação, ele tem peso máximo de 11.193 kg. Sua velocidade máxima de voo é de 1.960 km/h.
Além do assento ejetável, a aeronave tem um radar Fiar Grifo produzido na Itália, equipamento de visão noturna, sistema de autoproteção e de suporte para mísseis "off boresight" (alcance além do visual). O caça também pode fazer seu reabastecimento em pleno voo.
Atualmente, quatro unidades aéreas da FAB contam com os caças. São eles os esquadrões Senta a Púa, Pampa, Pacau e Jaguar. Só o Esquadrão Pampa comemorou em março mais de 100 mil horas de voo com os F-5.
Caça seria desativado em breve
A aeronave deixou de ser produzida pela fábrica em 1987. No entanto, os modelos existentes no Brasil são mais antigos, alguns com mais de 50 anos.
Em 2018, outro F-5 já havia se acidentado. Na ocasião, os pilotos também sobreviveram.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberA Embraer reformou e modernizou 49 caças F-5E brasileiros entre 2005 e 2020. O contrato havia sido assinado ainda em 2000, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, mas a última entrega aconteceu na pandemia. Desde então, estas aeronaves foram rebatizadas como F-5EM (para apenas um piloto) e como F-5FM (cabine dupla).
Em 2022, o Comando da Aeronáutica publicou um plano de desativação dos caças F-5 no Brasil. No documento, PCA 400-200, é justificado que "o tempo de uso das aeronaves [...] é um fator constante de análise" devido ao "à relação custo-benefício dos serviços de manutenção" por causa de "possíveis níveis de degradação por corrosão e falhas estruturais, em virtude do longo tempo de operação".
Plano detalha critérios para a desativação gradual dos caças. Fatores como ano de fabricação e vencimento de inspeções de 1.200 horas devem ser levados em conta. As aeronaves de um lote adquirido da Jordânia em 2009 foram desativadas imediatamente após a publicação do documento, que ainda instruiu que a frota só pode voar 4.500 horas por ano e o esforço aéreo deve ser reduzido gradualmente.
20 caças deverão ser mantidos até 2028 e 14 até 2029. Depois disso, a desativação deve ser coordenada com a entrada em operação das aeronaves F-39.
O sueco F-39 Gripen E/S é o mais moderno caça em operação na América Latina. Os primeiros modelos chegaram ao Brasil no fim de 2022 e, em maio de 2023, passaram a ser produzidos na fábrica de Gavião Peixoto (SP) por meio de uma parceria da Embraer com a Saab. A previsão é de que o primeiro modelo finalizado passe a voar em 2025, segundo reportagem do jornal O Globo.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.