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Com 11 horas de atraso, navio com lixo hospitalar deixa porto de Suape (PE) com destino aos EUA

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

22/01/2012 06h22

O navio cargueiro Cap Irene deixou o porto de Suape, em Ipojuca, (PE), na madrugada deste domingo (22) levando os dois contêineres de lixo hospitalar importados dos Estados Unidos por uma empresa têxtil de Santa Cruz do Capibaribe, a 180 km de Recife.

A previsão é de que o navio chegue ao porto de Charleston, no estado americano da Carolina do Sul, no início de fevereiro. O Cap Irene, de bandeira liberiana, passará antes no porto de Santos (SP) e na Argentina.

A saída do navio do porto de Suape deveria ter ocorrido às 15h (horário do Recife; 16h em Brasília) deste sábado, mas só ocorreu às 2h20 (3h30 em Brasília) deste domingo. O atraso de 11 horas aconteceu por conta de problemas no sistema da alfândega de registro de saída de carregamentos, que fez a documentação da carga ficar pendente, e depois, perto da meia-noite, quando foram constatados que contêineres estavam mal encaixados e precisaram de um reforço na amarração.

Apesar da demora da liberação do navio, a carga de lixo hospitalar já havia sido embarcada na madrugada deste sábado (21). O embarque do material foi acompanhado por deputados e autoridades americanas e brasileiras.

O lixo está em um compartimento isolado do cargueiro para que não haja contato com os 364 contêineres que também seguem para os EUA.

Segundo informações do porto de Suape, ao chegar aos EUA, a carga deverá ficar retida no porto de Charleston até que a aduana norte-americana notifique a transportadora alemã Hamburg Süd para que a empresa Texport, que enviou o material para o Brasil, retire imediatamente os contêineres para serem incinerados. A Texport é uma empresa especializada em reciclagem de lixo hospitalar e fica localizada na cidade de Spartanburg.

O advogado Gilberto Lima, que defende a empresa Império do Forro de Bolso, afirmou a devolução do lixo prova o material enviado não fora aquele acordado em contrato.

Lima disse ao UOL que vai processar a empresa Texport por quebra de contrato, por ter lixo no lugar de “tecido de algodão com defeito”. O advogado disse que assim que a mercadoria chegar aos EUA vai ingressar com ação de danos morais e materiais contra a empresa Texport.

Para o deputado federal José Augusto Maia (PTB-PE), presidente da comissão externa criada pela Câmara dos Deputados para avaliar a compra do material e que acompanhou o embarque do material, a devolução do lixo se tornou uma “questão de honra” para o país.

“Essa devolução marca uma vitória da soberania nacional. Brigar com os Estados Unidos não é fácil. A gente [da comissão] sentiu isso nessa disputa. Eles queriam que fosse incinerado, o que seria uma queima de arquivo. Mas fomos ao Itamaraty, Receita Federal, Policia Federal, Anvisa, Porto de Suape. Ou seja, por onde passou, nós fomos. E essa devolução é uma conquista”, disse

 Apreensões

Os dois contêineres da Hamburg Süd foram apreendidos nos dias 11 e 13 em outubro de 2011 pela Receita Federal. Haviam fardos com lençóis, fronhas, toalhas, jalecos, batas, pijamas e roupas de bebê sujos com a identificação de logomarcas de hospitais norte-americanos. Junto com os fardos também foram encontrados material cirúrgico descartados para lixo pelos hospitais norte-americanos, como sondas, cateteres e luvas usadas.

A Apevisa (Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária) também encontrou fardos de cargas similares importadas dos EUA em três galpões da Império do Forro de Bolso, localizados em Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru. Os três locais foram lacrados pela Apevisa, e a empresa foi multada em R$ 6 milhões pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis).