Grevistas podem sair da Assembleia para comer, mas não podem retornar ao prédio, diz Exército
Os policiais militares que acamparam no prédio da Assembleia Legislativa da Bahia têm trânsito livre para deixar o local em busca de comida e atendimento médico, mas sem qualquer possibilidade de retornar ao QG da greve.
A informação foi divulgada na tarde desta quarta-feira (8) pelo chefe de Comunicação do Exército, tenente-coronel Márcio Cunha, em entrevista coletiva.
A manifestação do policial corrobora a postura das forças de segurança de isolar o prédio neste nono dia de paralisação. Até ontem liberada, a entrada de água e comida por intermédio de amigos e familiares foi totalmente barrada hoje.
“A área está isolada para que as pessoas tenham tranquilidade e para que as negociações possam avançar. Quem estiver com fome, sede ou precisar de atendimento médico será conduzido até o lado de fora, mas não pode retornar”, afirmou Cunha.
Os acessos ao CAB (Centro Administrativo da Bahia), onde fica a Assembleia, também estão fechados. Apenas militares e imprensa podem ter acesso ao local.
Hoje, escolas públicas e particulares de Salvador seguem sem aulas, e parte do comércio baixou as portas.
À noite, um policial militar que teria deixado a Assembleia para comprar pizza foi morto, por volta das 22h30, no bairro de São Rafael, nas proximidades do CAB.
Entenda a greve
A greve na Bahia foi deflagrada na terça-feira, dia 31 de janeiro, por parte da categoria, liderada pela Associação de Policiais e Bombeiros da Bahia (Aspra). Doze mandados de prisão foram expedidos contra policiais militares que lideram o movimento, considerado ilegal pela Justiça. As prisões foram decretadas pela juíza Janete Fadul. Todos são acusados de formação de quadrilha e roubo de patrimônio público (carros da corporação). Além dos crimes, os policiais devem passar por um processo administrativo. Dois já foram presos.
Cerca de 300 policiais militares estão amotinados na Assembleia Legislativa em Salvador, cercados por forças federais. Na segunda-feira, soldados lançaram bombas de efeito moral e dispararam balas de borracha contra policias grevistas que estavam do lado de fora e que tentavam entrar no local.
De acordo com o líder do movimento, os grevistas não vão deixar a Assembleia até que sejam revogados os pedidos de prisão de 12 grevistas, além da concessão da anistia irrestrita para os envolvidos e o pagamento de gratificações. Segundo o governo estadual, a principal reivindicação dos policiais, que era a implantação de duas gratificações (a Gratificação de Atividade Policial-GAP 4 e 5), foi concedida em forma escalonada até 2015. "Com muito esforço orçamentário, ofereci entre 2012 e 2015 o atingimento no contracheque dessas duas gratificações", disse o governador Jaques Wagner (PT).
O impasse é sobre a anistia aos grevistas: enquanto os PMs não abrem mão desse ponto, o governador reiterou que os policiais envolvidos em "casos de vandalismo" serão punidos. "Os policiais que participaram legalmente, dentro das regras do processo reivindicatório, não têm com o que se preocupar. Mas todos aqueles condenados pela sociedade baiana que depredaram, quebraram e intimidaram a população devem ser investigados. Não há como falar em perdão quando se fala em atos de vandalismo."
A paralisação gerou um aumento da violência no Estado: houve registro de arrastões e aulas e shows foram cancelados. Os Estados Unidos chegaram a recomendar aos norte-americanos que adiem viagens "não essenciais" ao Estado. Em uma semana, o número de homicídios mais do que dobrou na região metropolitana de Salvador, segundo estatísticas oficiais do governo.
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