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Após seis anos de operações fracassadas, polícia prende no RN foragido da Justiça de PE

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

06/03/2012 11h51

Uma ação em conjunto das polícias Civil de Pernambuco e do Rio Grande do Norte prendeu um homem que estava foragido da Justiça havia 15 anos. Segundo a polícia, Antônio Carlos Borges da Silva, 57, morava na chácara no município de Macaíba (região metropolitana de Natal) e foi encontrado pelos agentes nesta segunda-feira (5).

Borges, como é conhecido, é acusado de cometer dois assassinatos e é condenado a pena de 23 anos de prisão por um dos crimes que cometeu. No outro caso, ele ainda é réu no processo que o acusa. 

A polícia potiguar informou que tinha conhecimento por meio de denúncias, desde 2006, de que o foragido pernambucano vivia na chácara. Porém, nesses seis anos, as operações realizadas nunca conseguiam o encontrar.

Segundo a polícia, outras operações já haviam sido realizadas na na chácara, mas nunca obtiveram êxito pois o esconderijo era imperceptível. Mas desta vez, o grito do filho dele, chamando pelo pai quando ele se escondeu, foi fundamental para que Borges fosse encontrado. Depois de três horas de buscas, o acusado foi encontrado escondido entre duas paredes falsas. A passagem para o local era por baixo de uma pia

“A chácara tinha circuito interno e externo de imagens, e ele monitorava o movimento pela área. O sistema permitia ele se esconder antes dos policiais entrarem na propriedade, onde ele morava com a esposa e o filho”, disse a agente Aparecida Alcântara.

“Os agentes escutaram quando o filho de Antonio gritou pelo pai quando ele se escondeu da polícia dentro da parede falsa. Como o cerco foi bem feito, não tinha como ele fugir a tempo dos policiais chegarem à casa, que cercaram a propriedade. Os agentes continuaram insistindo na busca dentro da casa, quando descobriram o esconderijo secreto”, relatou a policial da delegacia de Macaíba.

A casa de Borges tinha um esconderijo, que ficava entre duas paredes, que tinha entrada pela pia com uma parede falsa para fechar o acesso ao local. Os policiais observaram que existia uma parede mais larga do que as demais do imóvel e detectaram que “ela era oca”.

“Sempre que a polícia chegava, Borges se escondia no local e alguém da casa colocava objetos de limpeza na frente da passagem, que não dava para observar a entrada do esconderijo. Como o filho gritou pelo pai quando os policiais estavam próximo ao imóvel, não tinha como ele ter fugido, e começaram a testar as paredes para descobrir se alguma era oca. Depois de três horas de buscas, quando encontraram a parede falsa, foi questão de minutos para Borges se entregar sem nenhuma reação”, informou a agente.

Os policiais entraram no local por cima do telhado e lá dentro foi que observaram onde era a passagem para entrar no local utilizada por Borges há anos.

Condenação

Segundo a Polícia Civil pernambucana, Borges é acusado de dois assassinatos, do comerciante Celso Mario Aleixo de Brito, em 1993, e da irmã da primeira vítima, a advogada Célia Maria Aleixo de Brito Avelino, em 1997. Os dois crimes ocorreram na cidade de Palmares (120 km do Recife).

As investigações apontaram que uma discussão num bar foi o motivo da morte do comerciante. Pelo crime, Borges foi condenado a 23 anos. Borges também responde a processo acusado da morte da advogada, quando participava da investigação para provar a participação do mecânico no assassinato do irmão.

Célia Aleixo foi alvejada por dois disparos na cabeça dentro do próprio carro, quando saia de casa, também em Palmares. Ele chegou a ser preso preventivamente na época do crime, mas foi solto por ordem da Justiça. Desde daquele ano ele fugiu de Pernambuco.

Ainda segundo a polícia, a ex-vereadora de Palmares Tereza Josino Brandes e a irmã dela, Lindivalva Brainer, foram condenadas a 19 anos de prisão pela morte do comerciante, acusadas de serem as mandantes do crime.