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Supervisor teria sido o primeiro a ser avisado sobre problema em brinquedo do Hopi Hari, diz delegado

Fabrício Calado

Do UOL, em Vinhedo

07/03/2012 18h56

Após ouvir três funcionários do parque de diversões Hopi Hari nesta quarta-feira (7), o delegado Álvaro Santucci Noventa Junior afirmou que todos os depoimentos indicam que o supervisor sênior Lucas Martins teria sido o primeiro a ser avisado sobre o problema na cadeira do brinquedo “La Tour Eiffel”. O assento abriu no ar e causou a morte da adolescente Gabriela Nichimura, no último dia 24.

“Ele teria sido o primeiro contatado [sobre o defeito]”, disse o delegado, acrescentando que deverá ouvir o supervisor nos próximos dias. Nesta quinta-feira (8), a polícia pretende ouvir três funcionários do parque responsáveis por áreas de manutenção e gerência do brinquedo.


Edson da Silva, 23, Amanda Cristina Amador, 20, e Luciana de Lima Ribeiro, 40, foram os três funcionários ouvidos nesta quarta. Os três se revezavam em diferentes funções no brinquedo, cuidando da cabine de comando, do posto de operação e da catraca da “Tour Eiffel”.

Versões diferentes

Um dos operadores do Elevador, Edson da Silva, 23, foi o primeiro a ser ouvido pela polícia nesta quarta. Em seu depoimento, o funcionário negou que fosse o responsável por cuidar do bloco onde aconteceu o acidente.

Para o delegado Santucci, a fala de Edson contradiz a de outro funcionário do Hopi Hari, o operador Marcos Antonio Tomas Leal. Ontem (6), Leal disse a policia que Edson era o responsável pelo setor 3 do brinquedo.

O brinquedo de onde a adolescente caiu é dividido em blocos de cadeiras. Gabriela caiu do setor 3. Leal disse à policia que era responsável apenas pelos setores 2 e 4. Segundo o delegado, havia um revezamento de funcionários para cuidar dos setores. Santucci havia dito ontem que faria uma acareação entre os operadores do brinquedo caso houvesse divergência nos depoimentos. 

Entenda o caso

A adolescente Gabriella Nichimura, 14, morreu ao cair do brinquedo La Tour Eiffel, conhecido como elevador. Ela usou uma cadeira que estava desativada há dez anos. A garota foi levada para o hospital Paulo Sacramento, em Jundiaí (SP), mas não resistiu e morreu por traumatismo craniano seguido de parada cardíaca.

Depois do acidente, a polícia ouviu funcionários, visitantes e familiares da garota. Após a mãe da adolescente mostrar fotos tiradas minutos antes do acidente, verificou-se que a primeira inspeção havia sido feita no assento errado. A perícia na cadeira efetivamente usada por Gabriella constatou que a trava abria quando o brinquedo era colocado em atividade.

O parque fica no km 72,5 da rodovia dos Bandeirantes, no município de Vinhedo (SP). O brinquedo onde ocorreu o acidente tem 69,5 metros de altura, o equivalente a um prédio de 23 andares. Na atração, os participantes caem em queda livre, podendo atingir 94 km/h, segundo informações do site do Hopi Hari.

O parque está interditado desde o começo da semana para a realização de vistoria no local. Na segunda-feira (5), o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) informou que 14 brinquedos do parque serão alvo de perícia detalhada nos próximos dias. O Hopi Hari deverá permanecer fechado até a próxima semana.

MP vê negligência

Na avaliação do Ministério Público houve negligência no sistema de operação do parque. "As pessoas que operavam não estavam devidamente capacitadas e orientadas para operar o brinquedo”, disse a promotora de defesa do direito do consumidor de Vinhedo, Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira.

Parque fica no interior de SP

  • Arte/UOL

Segundo ela, porém, “a pirâmide de responsabilização pelo acidente precisa ser construída dentro da hierarquia do parque”. A promotora disse ainda que o brinquedo tem "um sistema de segurança ineficaz, pois o travamento da cadeira dependia unicamente da ação humana, que é falível”.

Segundo a promotora, após os dez dias em que o parque ficará fechado, se não forem resolvidos eventuais problemas apontados, pode ser determinada uma nova suspensão de mais dez dias, e, em último caso, a aplicação de multa diária de R$ 95 mil.

Em nota, o Hopi Hari disse que está cooperando "irrestritamente com todos os questionamentos relativos ao caso" e reafirmou "seu total interesse na elucidação do caso, bem como seu compromisso com a segurança de todos os visitantes".