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PM do Rio expulsa 12 policiais que participaram de greve da categoria em fevereiro

Do UOL, no Rio*

22/03/2012 12h48

A Polícia Militar do Rio de Janeiro oficializou nesta semana a expulsão de 12 agentes que teriam aderido à greve das forças de segurança pública do Estado (policiais militares e civis, bombeiros e agentes penitenciários) iniciada em 10 de fevereiro e encerrada quatro dias depois. A decisão foi publicada na edição desta quarta-feira (21) do boletim interno da corporação.

Segundo a assessoria da PM, os policiais grevistas foram levados ao Conselho de Justificação e tiveram oportunidade de se defender. No entanto, a participação dos 12 agentes no movimento que reivindicava reajuste salarial e melhores condições de trabalho não foi contestada, já que os acusados se mantiveram aquartelados durante a paralisação.

Foram punidos seis cabos e seis soldados, dos quais nove lotados no 28º BPM (Volta Redonda), um na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Cidade de Deus, um no 39º BPM (Belford Roxo) e um no 15º BPM (Duque de Caxias). Os 12 PMs têm agora prazo de cinco dias para recorrer da decisão.

No início deste mês, 13 bombeiros que também participaram da greve já haviam sido expulsos, entre os quais o cabo Benevenuto Daciolo, identificado como líder do movimento S.O.S. Bombeiros.

Punição para o Bope

A Polícia Militar afastou no dia 9 de março 51 policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) que teriam aderido à greve das forças de segurança pública do Estado. Segundo a corporação, os agentes da divisão de elite da PM -- 18 sargentos, quatro subtenentes, 17 cabos e 12 soldados -- teriam se negado a reprimir a paralisação dos colegas.

A maioria dos policiais militares punidos foi transferida para batalhões situados no interior do Rio de Janeiro. Em relação ao 28º BPM (Volta Redonda), quartel no qual estavam vários PMs apontados como líderes da mobilização grevista, o movimento foi inverso. Mais de cem policiais foram realocados para batalhões da Baixada Fluminense.

Durante uma reunião do Sindpol (Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro), realizada no dia anterior à assembleia conjunta que deflagrou a greve, na praça da Cinelândia, no centro do Rio, um policial da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) adiantara que os agentes do Bope ficariam aquartelados durante a paralisação.

"Os colegas do Core e do Bope já comunicaram ao comando que vão permanecer aquartelados. Ninguém sai do batalhão", afirmou o policial, que não se identificou ao pedir a palavra durante a assembleia.

Entre os homens do Bope, a atitude do comando-geral da PM é vista como uma represália que tem por objetivo "dar exemplo" para os demais, e também uma determinação tática a fim de impedir novas mobilizações grevistas. Na versão da Polícia Militar, porém, as transferências seriam uma medida administrativa de "rotina".

Atualmente, o efetivo do Batalhão de Operações Especiais é de 400 homens
-- as transferências significam uma redução de cerca de 13%. O comando da Polícia Militar não esclareceu se as vagas abertas serão ou não repostas em breve. O treinamento da divisão de elite da PM dura de seis a 20 semanas.

A greve

Os bombeiros, a Polícia Militar, a Polícia Civil e os agentes penitenciários do Rio de Janeiro entraram em greve na noite de 9 de fevereiro após uma assembleia coletiva no centro da capital fluminense.

No dia 11, porém, o diretor jurídico do Sindicato da Polícia Civil do Rio, Francisco Chao, anunciou que a categoria suspendeu sua participação no movimento. No dia 13, foi a vez de todos os policiais suspenderem a greve; a paralisação deve voltar a ser analisada depois do Carnaval.

A ordem do comando da greve para os PMs era que todos os policiais que atuassem no policiamento ostensivo, além de inativos e aposentados, iniciassem um período de reclusão em seus respectivos batalhões –se possível, na companhia de parentes.

As prisões de líderes e a abertura de processos administrativos, entretanto, esvaziaram o movimento.

*Com reportagem de Hanrrikson de Andrade, no Rio de Janeiro