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Brasileiros isolados em Guiné-Bissau após golpe fazem contato com parentes em Santa Catarina

Léo Pereira

Do UOL, em Florianópolis

17/04/2012 13h56

Os brasileiros Isaac Martins e Estela Mônica Falcão Martins, retidos em Guiné-Bissau, na África, desde a semana passada, quando ocorreu um golpe militar no país, entraram em contato com parentes em Santa Catarina, pela internet, na manhã desta terça-feira (17).

Issac e Estela estão no grupo de dez voluntários catarinenses que realizavam uma missão humanitária promovida por uma igreja evangélica, com sede em São José, na Grande Florianópolis. Oito pessoas são moradores da região, enquanto outros dois residem em Tubarão (a 133 km de Florianópolis).

“Eles foram colocados em um hotel. O pedido feito pela Embaixada brasileira em Guiné-Bissau é para que não saiam às ruas. O grupo recebe o básico para a subsistência. A situação continua tensa, mas eles mesmos tentam nos acalmar”, disse o administrador de empresas Fábio Anderson Silva, parente de Isaac e Estela.

Segundo o Itamaraty, o aeroporto de Bissau, capital do país africano, foi reaberto parcialmente. Uma aeronave deve chegar nesta quarta ou quinta-feira para levar o grupo de brasileiros até Portugal, para, assim, regressarem ao Brasil no fim do semana.

Após a passagem pela África, Estela e Isaac seguiriam para a Europa, onde passariam alguns dias a passeio, porém, segundo eles, não há mais como manter o roteiro. Ao todo, cerca de 300 brasileiros aguardam autorização para deixar o país.

Entenda o conflito

Guiné-Bissau se localiza na costa leste da África e possui cerca de 1,5 milhão de habitantes. Como a língua oficial é o português, muitos jovens daquele país estudam no Brasil. Somente na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estão matriculados 20 guineanos.

O golpe de Estado ocorreu perto do segundo turno da eleição presidencial, marcada para o próximo dia 29 de abril. Na quinta-feira passada (12), soldados invadiram a residência do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, em Bissau, e ocuparam a sede do partido governista.

Gomes era considerado favorito para vencer o pleito. Os militares responsáveis pelo golpe alegaram, através de um comunicado, que haveria um suposto "acordo secreto" entre Guiné-Bissau e Angola para ajudar na reforma do Exército guineano. 

O levante foi execrado pela União Africana, o que pode criar sanções à Guiné-Bissau. Estados Unidos, Portugal e o Conselho de Segurança da ONU também condenaram a ação. Uma greve geral, convocada por entidades trabalhistas nesta segunda (16), praticamente paralisou o país.