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Pai de bebê que recebeu leite na veia em Belo Horizonte perdoa técnica de enfermagem

Bebê de quatro meses recebeu leite na veia por quase uma hora em hospital de Belo Horizonte - Reprodução / Rayder Bragon
Bebê de quatro meses recebeu leite na veia por quase uma hora em hospital de Belo Horizonte Imagem: Reprodução / Rayder Bragon

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

18/04/2012 12h56

O pintor Israel Abraão do Amaral Lopes, 21, disse ter perdoado a técnica de enfermagem que teria ministrado leite na veia do seu filho, de apenas quatro meses, no Hospital da Baleia, localizado em Belo Horizonte.

O menino está internado no Centro de Tratamento Intensivo Pediátrico da unidade hospitalar, onde havia sido internado há sete dias para tratamento de uma pneumonia. O incidente ocorreu no último fim de semana.

De acordo com último boletim médico emitido pelo hospital, o menino, portador de síndrome de Down, respira com a ajuda de aparelhos, e o quadro de saúde é estável.

Lopes, que afirmou ser evangélico, disse confiar na total recuperação do filho e, apesar de apontar negligência da profissional, que segundo o hospital tem 27 anos de casa, afirmou não guardar rancor.

“No dia em que aconteceu essa fatalidade ela chegou até mim, falou que também era evangélica e me pediu perdão. Nesse momento, eu não tenho rancor nenhum. Eu peço a Deus que dê mais atenção a esses enfermeiros. Eu perdoo, sim, porque Jesus faria o mesmo”, afirmou.

A mãe da criança estava acompanhando o filho no hospital. O pintor descreveu o momento em que a mulher percebeu que havia alguma anormalidade com o menino. Segundo ele, o bebê estava recebendo leite por meio de uma sonda que levava o produto diretamente ao seu estômago.

Lopes afirma que o leite foi erroneamente injetado em veia do pé da criança, local onde ele estava recebendo soro. O homem afirma que o filho recebeu por aproximadamente 45 minutos o produto na veia.

“Ela quis tranquilizar a situação, falando que não tinha leite, que ele estava normal. A minha esposa falou que ele só estava piorando, e a enfermeira, em vez de desligar a bombinha do leite, não fez isso. A minha esposa foi quem desligou e pediu para ela chamar a médica, mas ela alegou que não precisava, que estava tudo normal.”

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O leite supostamente injetado na veia teria causado duas bradicardias (redução na frequência cardíaca) na criança. Lopes afirmou que sua mulher está “muito abalada’ com o que ocorreu com o filho.

De acordo com a assessoria do hospital, foi aberto um procedimento para apurar o caso. A técnica de enfermagem, que não teve o nome divulgado, foi afastada de suas funções por ter tido um abalo psicológico.

Ação contra o hospital

O pintor, no entanto, não demonstrou a mesma condescendência em relação ao hospital e estuda entrar com uma ação judicial contra a instituição, mas disse avaliar a situação por querer preservar a técnica de enfermagem. “Temos que olhar o lado humano. Não sei nem se ela tem condição financeira de pagar uma indenização.”

Segundo ele, uma declaração dada por uma diretora do hospital o irritou. Lopes descreveu ter ouvido entrevista da mulher na qual ela teria afirmado que a criança já chegou ao hospital com quadro de saúde deteriorado e não estava respondendo aos procedimentos médicos.

“Quando eu o visitei no sábado, ele estava bem melhor. Tanto que a quantidade de oxigênio que ele estava recebendo diminuiu de três litros para meio litro. Ele não ia mais necessitar do oxigênio (ministrado mecanicamente)”, afirmou.

A Polícia Civil mineira informou que um inquérito foi aberto nesta terça-feira (17) para investigar o caso.

Outro caso

O acidente com o filho de Lopes veio em seguida à morte de um recém-nascido que teria sido causada pela inoculação de leite na veia, ocorrida no dia 2 de março deste ano no Hospital Municipal de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A técnica de enfermagem teria ministrado leite em vez de soro na veia da criança, que sofreu uma parada cardiorrespiratória. Uma sindicância foi instaurada pela Secretaria Municipal de Saúde para investigar o caso, e a profissional foi afastada.