Usuários de metrô e trens perdem compromissos e não conseguem embarcar em ônibus
Usuários do metrô e dos trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) relataram que perderam compromissos nesta quarta-feira (23) por conta da greve dos metroviários e dos ferroviários.
A estudante Raquel Campo, 17, afirmou que perdeu uma prova porque não sabia que os funcionários da CPTM também cruzariam os braços.
“Sabia da greve do metrô, mas não dos trens [CPTM]. Tinha uma prova e espero que o professor entenda”, disse a aluna que cursa o 3º colegial e tentava sair da estação Tatuapé (zona leste de São Paulo).
A empregada doméstica Érika de Paula Mendes, 34, disse que conseguiu que sua patroa a deixasse não trabalhar nesta quarta-feira (23).
“Mas ela já avisou que amanhã (quinta-feira, 24) eu não posso faltar”, afirmou.
Hamilton Simão dos Santos, 27, reclamou da falta de informações.
“Os metroviários deveriam ter avisado que fechariam totalmente o metrô. Achei que teria alguns trens”, afirmou, referindo-se ao acordo feito entre Metrô e sindicato de que deveriam circular com ao menos 85% da frota. Porém, apenas alguns trechos foram abertos no percurso das linhas, mas até ontem, não havia informações de que trechos seriam estes.
A amiga de Santos, a comerciária Aline Moran Pinheiro, 21, disse que avisou seu patrão que chegaria atrasada na Avenida Paulista, onde trabalha.
“Achei que teria uma circulação pelo menos parcial”, disse.
Abel Domingos, 71, estava revoltado. Ele chegou a bater boca com grevistas na estação Tatuapé.
“O povo daqui é muito desinformado”, afirmou.
A desempregada Maria da Conceição Silva, 22, disse que, por conta da greve do metrô, perdeu uma entrevista de emprego.
"Estou desempregada há um ano", afirmou.
A chefe de cozinha Ana Luiza Castaño, 44, disse que os funcionários do metrô e da CPTM deveriam protestar de outra forma.
"Hoje [quarta-feira, 23], muita gente ficará sem almoço", disse Castaño, que é colombiana e está há 4 anos no Brasil.
Ônibus lotados
Por volta das 7h desta quarta-feira (23), a avenida Celso Garcia, na zona leste, tinha pontos de ônibus lotados com passageiros que não conseguiam embarcar porque os veículos coletivos também estavam cheios.
Aislâdia Ferreira, 33, que faz treinamento em uma loja, reclamou:
“Teria que estar no trabalho, que é em Jundiaí, às 8h, mas não sei nem como vou fazer porque sempre fui de metrô até a Barra Funda. Tentei ir pela radial leste, mas está tudo fechado. Está impossível entrar no ônibus.”
O técnico de segurança Francisco de Assis, 57, fotografou os pontos lotados para mostrar ao chefe o motivo do atraso para chegar ao trabalho. Ele estava por volta das 7h em um ponto de ônibus da avenida Celso Garcia e só conseguiu chegar ao metrô Tatuapé uma hora depois, em um trecho que seria feito em 10 minutos em dias normais. "Vou tentar tomar um ônibus, mas olha o trânsito", disse, apontando para a radial leste completamente parada. Ele deveria chegar às 8h30 no trabalho e já passava das 9h.
A atendente de telemarketing Jucilene Paixão, 23, disse que chegou ao terminal Tatuapé às 6h da quarta-feira (23) e não sabia que não haveria metrô.
"Agora estou esperando ver se o meu patrão libera um carro para vir me buscar", disse Paixão, duas horas depois de chegar à estação.
Em Santana (zona norte), os ônibus também ficaram lotados.
Funcionários de empresas de ônibus informaram que os veículos seguiam direto da zona norte para a estação Luz , que faz conexão com a linha 4-amarela do metrô.
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