Pai de vítima de chacina no Rio diz que vai processar Exército
O pai de uma das vítimas da chacina na comunidade da Chatuba, na Baixada Fluminense, disse que vai processar o Exército e o Estado pela morte do filho. Cildes Vieira do Espírito Santo afirma que as autoridades sabiam da presença do tráfico no Campo de Gericinó, local onde as vítimas foram abordadas pelos criminosos.
“Eu tenho certeza que o Exército sabia da presença do tráfico. Toda a área está abandonada. Passou das dez da noite não tem policiamento, não tem ninguém”, disse. "Eu vou processar o Exército e quem mais for de direito. O responsável daquela área era o Exército. Não tinha segurança ali".
Ele afirmou ainda que, se soubesse que o filho iria ao parque, o teria impedido. "Eu nunca iria deixar meu filho ir lá. Fiquei sabendo que ele foi pela namorada dele. Pai não cria filho para colocar dentro do caixão. A dor é maior porque aquela área estava entregue pelo Exército aos vagabundos”.
Na tarde desta quinta-feira (13) dois corpos foram encontrados no parque de Gericinó. Em menos de uma semana, dez cadáveres foram encontrados no parque, o que indicaria, segundo a polícia, que o local era uma espécie de cemitério do tráfico.
O coronel Saulo Chaves dos Santos, responsável pelo setor de comunicação do Comando Militar do Leste, disse que somente através do inquérito aberto nesta quinta será possível determinar porque os corpos estavam dentro da área do Exército.
“Não existe nenhum indício de que o crime aconteceu dentro de área militar. O fato de os corpos terem sido encontrados dentro do campo de Gericinó não quer dizer que eles tenham sido executados lá. Dentro do campo de Gericinó não existe tráfico”, afirmou.
Sobre as acusações do pai do adolescente morto na chacina, o coronel considerou não existir base legal para o processo. “O pai está consternado. Eu me solidarizo com ele. Existe uma diferença de dizer que vai fazer e ter o amparo legal”.
Segundo o militar, o patrulhamento em Gericinó será reforçado com mais 50 homens. A área tem 53 km2 e, segundo o coronel, já contava com um pelotão de 35 homens do Exército, além de 50 unidades que fazem o patrulhamento da região e unidades que fazem exercícios de adestramento militar a cavalo e motorizado.
Prisão temporária
O juiz Márcio Alexandre Pacheco da Silva, da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu (RJ), decretou nesta quinta-feira (13) a prisão temporária, pelo prazo de 30 dias, de cinco suspeitos de envolvimento na morte de seis rapazes no Parque de Gericinó, na divisa de Mesquita e Nilópolis, na Baixada Fluminense. Foram expedidos mandados de prisão contra Remilton Moura da Silva Junior, o “Juninho Cagão”; Marcus Vinicius Madureira da Silva, o “Ratinho”; Jonas Santos Pereira, o “Jonas Pintado” ou “Velho”; Fernando Domingos Pereira Simão, o “Sheik” ou “Fernandinho” e Luiz Alberto Ferreira de Oliveira, o “Beto Gordo”.
Os cinco, que participariam do tráfico de drogas no bairro da Chatuba, em Mesquita, são agora investigados pela prática de homicídio duplamente qualificado --por motivo torpe e mediante tortura ou outro meio insidioso ou cruel.
Desde que a PM invadiu a Chatuba, na terça-feira (11), e instalou uma companhia destacada para patrulhar a comunidade 24h por dia --a medida foi tomada em caráter emergencial após 12 mortes em apenas três dias--, 25 pessoas já foram presas ou apreendidas, sendo a maioria por porte de drogas.
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