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Leoa com Aids recebe cuidados especiais em parque de SC

Leoa Salete 1, portadora do vírus da Aids felina, vive isolada no parque Beto Carrero, na Penha (SC) - Divulgação
Leoa Salete 1, portadora do vírus da Aids felina, vive isolada no parque Beto Carrero, na Penha (SC) Imagem: Divulgação

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Penha (SC)

30/09/2012 06h00

A leoa Salete 1, que vive no parque temático Beto Carrero World, localizado no município da Penha (113 km de Florianópolis), está recebendo cuidados especiais desde que foi diagnosticada com o vírus da Aids felina (FIV). O vírus age de forma parecida com o HIV, que atinge os humanos, debilitando o sistema defensivo do organismo, mas se transmite apenas entre felinos.

Os problemas começaram em novembro do ano passado, quando a leoa foi levada ao Beto Carrero World pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) de Santa Catarina, junto com Salete 2, outra leoa.

As duas estavam sem lar definido desde uma confusão causada pela elefante Carla, que fugiu do zoológico da cidade de Salete (261 km de Florianópolis). O zoo acabou sendo fechado, e a bicharada, espalhada pelo Brasil.

Salete 1 foi a única que apresentou resultado positivo para o vírus da Aids felina. Nesses casos, a medicina veterinária recomenda a eutanásia

“Nós recebemos as duas leoas de Salete, por isso as batizamos assim”, disse a bióloga e coordenadora Kátia Cassaro, que afirma ter acolhido os animais “por humanidade”. O parque já tinha 11 grandes felinos, leões brancos africanos e tigres de bengala.

Em junho passado, todos fizeram testes para detectar se estavam com a doença conhecida como Aids felina. 

Salete 1 foi a única que apresentou resultado positivo, sendo então isolada dos demais felinos. A descoberta da doença levantou a questão do sacrifício. “Nesses casos, a medicina veterinária recomenda eutanásia”, disse Kátia. 

“Não”

Ao saber da intenção do parque de sacrificar Salete 1, o Ibama protestou. “Definitivamente não”, afirmou o chefe da fiscalização do órgão em Santa Catarina, Alessandro Queiroz. Ele então consultou o Santuário Rancho dos Gnomos, em Cotia (Grande São Paulo), sobre a possibilidade de acolher a leoa soropositiva. A resposta do santuário foi afirmativa.

Ocorre que o Ibama já não interfere mais diretamente em assuntos do meio ambiente em São Paulo –primeiro Estado brasileiro que mudou a política do setor. Agora tudo passa pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente. E a secretaria atestou que o Rancho dos Gnomos não tinha condições, naquele momento, de recolher mais leões.

Uma campanha foi lançada na internet, e o último post do santuário afirma que o Rancho dos Gnomos quer salvar; Parque Beto Carrero World quer eutanasiar

“Aí o parque Beto Carrrero reviu sua posição e se comprometeu em manter Salete em boas condições”, disse Queiroz. Mas agora o Rancho dos Gnomos quer a leoa. Uma campanha foi lançada na internet, e o último post no site do santuário, do dia 25 deste mês, afirma que “o Rancho dos Gnomos quer salvar; Parque Beto Carrero World quer eutanasiar”.

A bióloga Kátia diz não concordar com a informação. “Vamos cuidar bem da Salete 1 enquanto for preciso. Mas, por nós, a leoa pode ser levada por quem quiser cuidar dela. O interessado só precisa de uma autorização do Ibama.”

Horário diferenciado

Salete 1 tem mais ou menos 13 anos de idade, dos 20 que um leão geralmente vive em cativeiro. Ela come cinco quilos e meio de carne e vísceras por dia. A leoa está atrás de duas grades, por precaução. Quando vai para o pátio de sol, fica sozinha. 

Kátia explica que a medida de isolar a bichana é apenas preventiva.