Agentes penitenciários temem rebeliões após transferência de membros do PCC
Os agentes penitenciários de São Paulo temem que as transferências de líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital) para presídios fora do Estado e para regimes mais rígidos de detenção, como o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), possa acirrar a onda de violência no Estado e leve a rebeliões nos presídios.
É o que afirma o presidente do Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo), Daniel Grandolfo, que se reuniu na manhã desta sexta-feira (9) com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para apresentar reivindicações da categoria por mais segurança.
“É o receio que nós temos. O temor é que haja mais mortes, que haja represália do crime organizado. Mas alguma coisa tem que ser feita, não pode continuar do jeito que está. Temos que ser a favor dessas transferências. Se deixar, os caras vão mandar no Estado”, diz Grandolfo.
Na última quinta-feira (8), durante assembleia geral do Sindasp, Grandolfo diz que diversos agentes penitenciários relataram uma mudança no comportamento dos presos nos últimos dias, após ser anunciada a determinação do governo do Estado em transferir detentos ligados ao PCC, o que foi interpretado pelos agentes como um possível sinal de uma retaliação dos detentos. “Disseram para nós que os presos estão mais quietos. Não está um clima muito bom [nas cadeias], não é coisa boa”, diz o dirigente sindical.
Na assembleia, o sindicato orientou os agentes a se recusarem a realizar procedimentos, como a abertura e o fechamento de celas, caso avaliem que sua segurança está em risco.
Na reunião desta sexta-feira com o governador, um dos pleitos conquistados pela categoria foi a ampliação do seguro de vida, que passou de R$ 100 mil para R$ 200 mil, e foi estendido também para os agentes mortos fora das unidades prisionais, desde que a morte tenha relação com as atividades do agente. O benefício vale também para policiais civis e militares.
O Sindasp computa neste ano a morte de sete agentes, cujos crimes estariam, segundo o sindicato, ligados à onda de violência no Estado. “Tenho convicção de que foram execuções a mando do crime organizado”, afirma Grandolfo. Desde o início do ano, 19 agentes foram mortos.
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