Violência em Santa Catarina pode estar ligada à migração de criminosos, diz especialista
A onda de violência em Santa Catarina pode estar relacionada à migração de gangues provenientes de estados com elevados índices de criminalidade, como Rio de Janeiro e São Paulo. A avaliação é do professor de sociologia política Erni Seibel, da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).
Segundo ele, que coordena o Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Políticas Públicas da universidade, a política de combate ao crime nesses locais, incluindo a instalação das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) no Rio e uma ação mais incisiva da polícia em São Paulo, podem ter contribuído para o movimento.
“Essas gangues vêm para o Sul, principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para se esconder e fazer conexão com criminosos locais. Os padrões dos ataques em Santa Catarina, que incendeiam o cotidiano urbano, representam um novo formato de violência, como o que foi observado em São Paulo. Eles obrigam o Estado a reconhecer a atuação do crime organizado”, avaliou.
Seibel citou um estudo feito este ano pela UFSC, no distrito de Monte Alegre, em Camboriú (SC), com alto índice de criminalidade, que mostrou a existência da migração de criminosos para a Região Sul. Segundo ele, os pesquisadores perceberam que o distrito é um “viveiro de uma criminalidade que não é nativa”.
“O distrito aloja criminosos de outros lugares, principalmente por fatores geográficos. Repleto de morros, há facilidade para que seja usado como esconderijo e também como rota de fuga, por estar próximo à BR-101”, disse, ressaltando que não se pode dizer que os ataques dos últimos dias tenham sido praticados pelos mesmos criminosos que vivem nessa região.
Erni Seibel também levantou a hipótese de os crimes representarem a retaliação a um problema mais estrutural, como o sistema prisional brasileiro. Ele enfatizou que as condições precárias dos presídios no país são uma questão “histórica” e que “estouram em algum momento em forma de atos de vingança”.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem (13) que prefere a morte a uma longa pena nas prisões brasileiras, que classificou como "medievais".
Para reverter o quadro, Erni Seibel defende o sufocamento financeiro das organizações criminosas, que “na maioria dos casos está ligada ao tráfico de drogas e de armas”, como principal medida de repressão.
“O dinheiro que as financia não fica escondido no colchão, ele está no sistema financeiro. É preciso identificá-lo e garantir que não chegue a essas gangues”, enfatizou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.