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Santa Catarina atinge marca de cem ataques em 17 dias; ônibus param em Florianópolis

Renan Antunes de Oliveira

Do UOL, em Florianópolis

15/02/2013 08h47

Dois ataques na madrugada, o incêndio de um guincho em Laguna e o de um Corsa em Içara, elevam para cem o número de ataques da onda de violência que já dura 17 dias e atingiu 30 cidades de Santa Catarina, segundo informações da Polícia Militar.

Como reflexo da insegurança, a capital Florianópolis amanheceu sem ônibus nas ruas, faltando táxis, com vans piratas circulando nos bairros e trânsito congestionado por carros particulares - o temor de ataques reduziu os horários do transporte coletivo.

Desde esta sexta (15) a capital tem ônibus apenas entre 7h às 19h, por decisão de motoristas e cobradores. Eles alegaram insegurança porque criminosos já incendiaram 37 ônibus nos 17 dias de violência.

Como a maioria dos ataques se deu à noite, eles só querem trabalhar com dia claro. Em Blumenau, a Prefeitura determinou que os ônibus circulem de hora em hora e com escolta.

Efeito cascata

As 65 linhas de transporte urbano da capital começaram a sair de suas garagens às 7h, o que provocou um efeito cascata, deixando vazio o Terminal Integrado do Centro (Ticen) até 7h20, com a chegada dos primeiros ônibus dos bairros. Numa manhã normal o Ticen recebe cerca de 30 mil pessoas, segundo dados da Secretaria Municipal de Transportes.

O acúmulo de pessoas nas paradas faz com que muitos ônibus passem lotados. No bairro Ingleses, vans piratas seguem os ônibus oferecendo vagas aos usuários deixados nas paradas, a R$ 10, quando a passagem no sistema público custa R$ 2,65.

Os passageiros que desembarcam no Ticen relatam que centenas de pessoas foram deixadas para trás. Na Grande Florianópolis a situação é a mesma. Pessoas nos terminais intermediários ligam para as emissoras de rádio queixando-se de esperas superiores a uma hora e ônibus superlotados.   

Segundo Waldir Gomes, presidente do Setuf (Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Florianópolis), a insegurança nas ruas provocou "uma redução de quase 25% no número de passageiros entre 25 de janeiro  e 7 de fevereiro".

Aulas suspensas

As duas semanas medidas pelos empresários são antes e depois do início dos ataques, em 30 de janeiro. No ano passado, foram 2.18 milhões de passageiros transportados, contra 1,66 mi este ano.

Comércio, hotéis e escolas são os mais afetados pela redução de horário imposta pelos motoristas. A rede estadual de ensino suspendeu as aulas da noite até terça. As aulas da manhã também foram prejudicadas pela falta de transporte.

As escolas particulares estão liberando os pais para decidir sobre a conveniência de levar os filhos às aulas. As universidades Federal e Udesc, e a rede municipal de ensino, que recomeçam segunda, estão preparando planos de emergência.

Motorista espancado

Na quinta (14) à noite, prefeitura, representantes do Deter (órgão do estado para transportes), Setuf e Sintraturb (sindicato que congrega motoristas e cobradores) fracassaram numa tentativa de acordo para retomada do horário das 6h às 23h, com escolta depois das 20h.

Segundo Dionisio Linder, representante do Sintraturb, não houve acordo porque "está evidente que não há segurança para nossos trabalhadores" - citando que um motorista foi espancado e assaltado no início da semana, durante um ataque no bairro Tapera, no sul de capital.

Ao todo, 64 ônibus já foram atacados em todo Estado, nas duas ondas de violência --37 veículos neste ano, desde 30 de janeiro, e 27, entre 12 e 18 de novembro, na primeira onda de ataques, que teriam ligação. A facção criminosa PGC (Primeiro Grupo Catarinense), que age dentro e fora dos presídios de Santa Catarina, teria ordenado os ataques.

Mapa de ataques em Santa Catarina

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