Delator de Bola diz ter sido ameaçado por Bruno na prisão; ex-goleiro nega: "Nem te conheço"
O detento Jaílson Alves de Oliveira, que afirmou à Justiça que Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, tinha um plano para matar várias autoridades ligadas ao caso Eliza Samudio, disse no Tribunal do Júri, nesta terça-feira (20), ter sido ameaçado pelo goleiro Bruno Fernandes no último dia 13, no presídio Nelson Hungria.
Jaílson está recolhido na enfermaria da penitenciária, isolado de outros presos por razões de segurança. A ameaça, diz ele, ocorreu durante um banho do sol.
“Tinha um agente escoltando o Bruno. Ele virou e disse: ‘o Jaílson, o que é seu tá guardado. Você não sabe com quem se meteu. Seus dias estão contados’”, relatou.
ÚLTIMAS DO CASO BRUNO
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Na sequência Jaílson, se dirigiu a Bruno. “Foi ele ali. Falo na cara dele. Fala agora, Bruno?”. O ex-goleiro retrucou: “Nem te conheço, parceiro".
Conforme a testemunha relatava a suposta ameaça, Bruno mexia a cabeça em sinal de negação.
Jaílson é testemunha do caso e foi arrolado pela acusação.
Segundo Jaílson, Bola tinha um plano que envolvia Macarrão, traficantes de Ribeirão das Neves e até o traficante Nem, chefe do tráfico na favela da Rocinha, no Rio.
De acordo com o depoimento de Jaílson, Bola também teria ameaçado matar Ercio Quaresma, ex-advogado de Bruno e atual de Bola.
Em acareação realizada em dezembro de 2011, Jaílson reafirmou o que havia dito, mas Bola negou tudo e disse que o acusador criava mentiras fantasiosas.
O deputado Durval Ângelo (PT) e o advogado da mãe de Eliza Samudio, José Arteiro, também estariam entre as pessoas que Bola pretendia matar, segundo Jaílson.
Jaílson afirmou que já conhecia Luiz Henrique Romão, o Macarrão, antes do caso Eliza Samudio e que ele era traficante em Ribeirão das Neves.
A testemunha disse também que Cleiton Gonçalves, apontado como ex-motorista de Bruno, é, na verdade, traficante de drogas e fornecedor de Macarrão.
“Ele vendia droga para o Macarrão. Essa coisa de ser motorista de Bruno é tudo caô [mentira].”
Tráfico
A testemunha afirmou ainda que Bola disse que o plano era matar o filho de Bruno e Eliza, mas Dayanne intercedeu e levou a criança para uma mulher que morava em Ribeirão das Neves.
Ainda segundo Jaílson, Bruno, Macarrão e Cleiton até hoje controlam do tráfico de drogas no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.
VEJA O O QUE SERÁ APRESENTADO NO JULGAMENTO DOS ACUSADOS
RÉU | ACUSAÇÃO | O QUE DIZ O MP | O QUE DIZ A DEFESA |
BRUNO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver | Mentor e mandante da morte de Eliza, ameaçou-a de morte durante a gravidez. O goleiro determinou que Eliza fosse sequestrada e levada a sua casa, no Rio de Janeiro. Acompanhou o deslocamento de Eliza, já sequestrada e ferida na cabeça após receber coronhadas, para Minas | Nega a existência do crime. Eliza não foi morta porque não há corpo. Anteriormente, havia reconhecido a morte de Eliza, mas sem a participação, concordância ou o conhecimento do goleiro. A atribuição do crime havia sido dada a Macarrão, insinuando que o ex-braço direito nutria um “amor homossexual” pelo jogador |
MACARRÃO | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado, homicídio triplamente qualificado, e ocultação de cadáver | Também ameaçou Eliza durante a gravidez e foi o responsável pelo sequestro da moça no Rio de Janeiro. Foi o motorista do carro, com Eliza e o filho, na viagem para Minas Gerais. Dirigiu o veículo que transportou a moça até a casa de Bola. Amarrou as mãos de Eliza e desferiu chutes nas pernas da moça | Não existem provas materiais do crime de homicídio. Ele declarou que, Para evitar “especulações”, não adianta detalhes da estratégia de defesa a ser adotada |
BOLA* | Responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver | Executor de Eliza, estrangulou a jovem dentro de casa, em Vespasiano. Esquartejou o corpo da mulher e atirou uma das mãos a cães rottweiler. Foi incumbido de desaparecer com o corpo | Nega as acusações e afirma que apresentará “prova cabal” aos jurados, durante o julgamento, da inocência de Bola |
DAYANNE | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado da criança | Participou da “vigilância” feita sobre Eliza e o filho no sítio do goleiro em Esmeraldas, apontado pela polícia como o cativeiro de Eliza antes de sua morte. Sabia do plano para matar a ex-amante do jogador. Tentou desaparecer com o filho de Eliza, localizado posteriormente pela polícia em Ribeirão das Neves | Nega que Dayanne soubesse do plano para matar Eliza, ela apenas cuidou da criança depois de um pedido do ex-marido. Sobrevivência do filho de Eliza se deu graças a Dayanne |
FERNANDA | Responde pelos crimes de sequestro e cárcere privado de Eliza e do filho dela | Outra ex-amante de Bruno, auxiliou Macarrão a manter Eliza dentro da casa do goleiro no Rio antes da viagem para Minas. Cuidou do filho de Eliza nesse período e acompanhou Bruno e Macarrão na ida para Minas. Sabia da intenção do grupo de matar Eliza | É inocente, não sabia de nenhum plano para matar Eliza. Não presenciou um cenário que remetesse ao crime atribuído a ela. A viagem a Minas Gerais com o goleiro havia sido programada um mês antes do crime. Não notou ferimentos em Eliza |
- * Os advogados do acusado abandonaram o julgamento. Como Bola recusou a indicação de um defensor público, ele deverá ser julgado em outro momento
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