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Família de brasileiro de Presidente Prudente (SP) retido em Israel pede ajuda para repatriação

Marlene Costa, 66, que recolhe assinaturas para abaixo-assinado para conseguir repatriar do pai de seu neto, Josef Liber - Reprodução
Marlene Costa, 66, que recolhe assinaturas para abaixo-assinado para conseguir repatriar do pai de seu neto, Josef Liber Imagem: Reprodução

Paulo Godoy

Do UOL, em Presidente Prudente (SP)

22/01/2013 06h00

Uma história com enredo de cinema envolve uma mulher de Presidente Prudente (563 km de São Paulo), seu neto, de 17 anos, e a busca pelo pai do garoto, retido por autoridades israelenses há pelo menos 16 anos em Tel Aviv, capital de Israel.

Marlene Costa, 66, tenta coletar assinaturas por meio da internet para levar o caso até o governo brasileiro, na intenção de que o Ministério das Relações Exteriores intervenha junto a Israel. Até ontem, mais de 500 pessoas já haviam assinado uma petição que ela mantém em sua página no Facebook, com o apoio da Avaaz, uma comunidade online com pelo menos 10 milhões de usuários no mundo.

Marlene, que trabalha como esteticista na cidade paulista, descobriu faz cinco anos o paradeiro de Josef Liber, israelense com cidadania brasileira, que vivia no Brasil desde os dois anos.

Liber deixou São Paulo, onde morava e trabalhava como publicitário, em 1995 para morar em Tel Aviv. Um ano antes, ele havia conhecido a brasileira Felícia, que ficou grávida de Gabriel, o garoto que hoje mora em Presidente Prudente.

O israelense, que acreditava não poder ser pai, apesar dos tratamentos para fertilidade que fez nos Estados Unidos durante seu primeiro casamento, não chegou a conhecer seu filho brasileiro, mas após a descoberta da paternidade, passou a ter contatos frequentes pela internet com Gabriel e sua avó.

No começo de dezembro passado, depois de cinco anos economizando, Marlene e Gabriel embarcaram para Tel Aviv, onde ficaram 15 dias. No retorno ao Brasil, a avó aprendeu a usar o computador e a internet e criou sua página na rede social com o único objetivo de trazer o pai do neto de volta.

Dívidas

Marlene diz que Liber não pode deixar Israel porque está envolvido com dívidas junto ao sistema financeiro do país. Sem poder trabalhar e doente, vive à base de antidepressivos em um quarto com menos de seis metros quadrados, onde tomar banho só se for sentado sobre o vaso sanitário.

De Tel Aviv, por telefone, Liber explicou que ao chegar a Israel assinou notas promissórias e foi avalista em um empréstimo de cerca de US$ 50 mil (R$ 102 mil). Ele não detalhou em que tipo de negócio se envolveu.

“Depois disso, a pessoa que deveria pagar o empréstimo desapareceu de Israel, e eu fiquei com a dívida. O banco entrou com um processo judicial. Depois veio a Prefeitura de Tel Aviv cobrando impostos municipais que eu já não tinha condições de pagar”, disse Liber. “Com isso, meus documentos foram retidos pelas autoridades, incluindo meu passaporte israelense, enquanto o meu, brasileiro, está vencido há muito anos. Não posso deixar o país. Não posso ir para lugar nenhum.”

Liber e Gabriel se conheceram ainda sem a certeza de que eram realmente pai e filho. Na viagem a Tel Aviv, os dois coletaram amostras de DNA para o reconhecimento de paternidade. O exame, feito nos Estados Unidos, deu positivo.

A embaixada brasileira em Israel estranhou o fato de Liber ainda não ter procurado o serviço consular para que seu caso possa ser analisado pelo Ministério das Relações Exteriores. A assessoria de imprensa do órgão informou que a situação do brasileiro, com o processo na Justiça, não ajuda muito, mas que ainda assim o caminho é procurar a representação do Brasil naquele país.