Justiça decreta prisão preventiva de envolvidos no incêndio de Santa Maria (RS)
O juiz Ulysses Louzada, da primeira vara criminal de Santa Maria (RS), decretou nesta sexta-feira (1º) a prisão preventiva dos sócios da boate Kiss, Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Hoffman, e dos integrantes da banda Gurizada Fandangueira Luciano Augusto Bonilha e Marcelo de Jesus dos Santos.
AS FASES DA INVESTIGAÇÃO
Coleta de provas |
A polícia fez a maior parte da coleta no próprio dia do incêndio, mas não descarta voltar ao local em busca de outras evidências se necessário para dirimir dúvidas |
Depoimentos |
Além dos músicos da banda Gurizada Fandangueira, clientes, funcionários e os donos da casa noturna seguem sendo ouvidos na delegacia |
Prisões |
Quatro pessoas estão presas: dois músicos da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava na boate, e os sócios do estabelecimento, Elissandro Callegari Spohr e Mauro Hoffmann |
Exame de documentação |
Polícia vai revisar alvará de funcionamento e o plano de prevenção de incêndio da boate Kiss |
Perícia |
O trabalho dos peritos foi iniciado no dia do acidente e só será concluído com a divulgação dos laudos técnicos. Pode ser concluída em 30, 60 ou 90 dias, segundo a polícia |
Os quatro estão detidos na penitenciária estadual de Santa Maria por participação no incêndio que matou 239 pessoas, no dia 27 de janeiro.
O juiz aceitou as justificativas dadas pela Polícia Civil e pelo Ministério Público para decretar a prisão preventiva. Para Louzada, a medida é fundamental para a garantia da ordem pública. "Venho desde ontem analisando o pedido e vi que se justificava. O fato teve repercussão mundial. O mundo todo chorou com Santa Maria. Isso não pode ser descartado", afirmou.
O magistrado disse ainda que a prisão preventiva não significa, porém, que os quatro sejam culpados ou responsáveis pela tragédia.
Com a decisão da Justiça, a polícia ganha mais dez dias para concluir o inquérito sobre o incêndio. Na quinta-feira (29), o delegado Marcelo Arigony --responsável pelas investigações-- afirmou que o tempo pode não ser o suficiente para finalizar o inquérito.
"Este período talvez não seja suficiente, mas é um tempo bastante razoável. Estamos tomando cerca de dez depoimentos por dia, talvez já tenhamos as perícias do IGP durante este prazo", disse.
O outro lado
Na quarta-feira (27), o advogado Jader Marques, que representa Elissandro Spohr, afirmou ao UOL que já aguardava o pedido de prisão preventiva.
"A prisão preventiva já poderia ter sido pedida no início. Se é cabível hoje, também era lá atrás. O próprio Kiko se ofereceu para ficar preso por mais 30 dias até o fim das investigações, mas a polícia quer trabalhar sem prazo", disse.
Após os dez dias, os delegados decidirão se tentarão outra medida para conseguir prorrogar ainda mais o prazo.
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